Prevenir para não solucionar

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É comum a sociedade em geral esperar por um momento difícil para procurar uma solução de determinado problema, a isso chamamos de remediação. Estamos caminhando para uma remediação do problema energético na aviação. Temos tecnologia de ponta, e mais de 100 anos de investimento no ato de voar. No entanto, somos ironicamente escravos de basicamente dois tipos de gasolina na aviação, que por sua vez, tem seu preço aumentado a cada dia. Mas muito mais caro que o preço da gasolina é o que nós pagamos por nos conformarmos com isso. Já se passaram um século, duas guerras mundiais e dezenas de avanços tecnológicos, mas a queima de combustível pela geração de energia ainda parece fascinar o homem.

No dia-a-dia da aviação geral de hoje, quem voa sabe o desespero que é pousar em um aeroporto no Brasil onde não há abastecimento, ou onde este é feito de forma totalmente fora dos padrões. Isso atrapalha muito uma navegação, faz alguns pilotos perderem o emprego e prejudica quem apenas quer utilizar o aeroporto como alternativa. Mas como alguém comete o erro de pousar em um aeroporto sem abastecimento? O Rotaer tem estado por vezes desatualizado para aeroportos privados ou de pequeno porte, obrigando o piloto que se destina àquele aeródromo a ligar para terceiros ou pedir informação AFIL.

Para contrastar com a nossa atual realidade, nos Estados Unidos é possível encontrar abastecimento de Álcool e JT-A (Diesel de aviação), além dos diferentes tipos de AVgas e querosene em aeroportos privados. Isso mesmo, esse padrão é seguido e estimulado pelos próprios usuários do sistema aéreo. O próprio governo, através do órgão equivalente à secretaria de aviação civil, subsidia a implantação desses diferentes tipos de abastecimento, para promover justamente a ideia de que a aviação não precisa continuar seguindo o mesmo padrão. Hoje, para se importar um motor aeronáutico diferente e novo da Europa ou dos EUA, é preciso perguntar antes que combustível ele queima.

A expectativa é que, em médio prazo, a aviação deixe de depender pelo menos das duas principais formas de combustível, podendo inclusive passar a operar continuamente biocombustíveis como o Etanol e o Diesel JT-A, desenvolvido pela Cessna. Não achemos que isso é uma medida preventiva: na realidade, já estamos solucionando um grande problema causado pela dependência energética atual, e pela monopolização das distribuidoras de combustível aeronáutico sobre o preço. A única forma de resolver isso é alternando e mudando nossas fontes.

Termos a aviação dependente de duas formas de energia para se manter é tão vergonhoso quanto dizer que ainda nem aprendemos bem como fazer uma aeronave voar. É óbvio que este não é de longe um problema simples de se resolver, mas estou certo que não precisamos esperar mais cem anos de aviação para descobrir e tornar praticáveis novas formas de utilização de combustível.

Eduardo Mateus Nobrega
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