A real motivação

A presença da mulher na aviação foi muito marcante pelo simples fato de que era preciso, além de superar a barreira ideológica, superar também os limites físicos. Querendo ou não, a estrutura e capacidade física da mulher normalmente tendem a ser menores que as do homem, para atividades que exigem mais do corpo. Além disso, o voo era muito rudimentar desde as primeiras aparições do sexo feminino como piloto. As aeronaves não eram nada similares àquelas nas quais vemos mulheres voando hoje, e o uso da força física era inevitável.

Amélia Earhart utilizava em seu treinamento um pesado monomotor, que ainda fôra empregado na Primeira Guerra. Era uma aeronave muito diferente e distante dos maleáveis paulistinhas ou Cessnas, que costumamos usar em treinamentos atualmente. Para uma mulher, isso por si só já era um grande desafio, levando em conta que esses aviões não eram feitos pensando em conforto e estabilidade, nem muito menos em mulheres no comando.

Todos pensam que, para o grande feito da travessia do Atlântico por Amélia, foi exigido apenas um prévio preparo de navegação e suporte. Mas na realidade, toda a aeronave e as condições de operação do voo precisaram ser adaptadas. Isso não mostra um forma de fragilidade ou incapacidade da mulher, mas sim que naquele tempo a aviação não era nada acessível, e mesmo assim, foi possível uma inclusão do sexo feminino na operação de aeronaves.

Durante a Segunda Guerra Mundial, não faltaram pedidos e solicitações de mulheres que queriam, ao menos, fazer parte do grupamento aéreo e não se limitarem apenas aos trabalhos humanitários. As mulheres sempre tiveram o anseio de participar ativamente da guerra. Talvez justamente por essa grande vontade de fazer algo pelo seu país em tempos de conflito, um grande número de mulheres começou a se envolver com a aviação.

Muitos se surpreendem ao saber que havia mulheres pilotos durante a Segunda Guerra Mundial. Elas não eram muitas e não participavam de batalhas, mas pilotavam os aviões dentro da Grã Bretanha – entre fábricas, unidades de manutenção e, a partir destas, para os pilotos nas frentes de batalha. As mulheres eram pilotos civis mas, tecnicamente, voavam dentro da Royal Air Force – a Força Aérea britânica. Sua função era pegar os aviões na fábrica e levá-los às unidades de manutenção, onde eram equipados com rádios e armas.

Desse modo, é possível perceber que a presença da mulher na aviação partiu muito além de uma simples vontade de voar, ou de superar uma ideologia social, mas também de servir seu país e ultrapassar os seus próprios limites. Durante os próximos capítulos, vamos perceber quais foram as mudanças e impactos que, de fato, o sexo feminino causou na aviação como um todo.

Eduardo Mateus Nobrega
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