SR-71 Blackbird – O avião que “sangrava”

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Oscar Lima Alfa senhores. Hoje vamos saber algumas curiosidades pouco conhecidas dessa lenda com asas, que foi Blackbird SR-71, em uma entrevista de um ex piloto prestada à BBC Futura.

Depois de um míssil terra-ar soviético abater o avião espião Norte Americano U-2 em um confronto perto da cidade de Sverdlovsk/URSS em 1960, o governo dos EUA percebeu que precisava de um avião de reconhecimento que pudesse voar ainda mais alto e fugir de qualquer míssil que fosse lançado contra ele.

A resposta foi o SR- 71 Blackbird. Era um avião com características mais próximas de uma nave espacial, feita de titânio para suportar as enormes temperaturas geradas pelo atrito do ar ao alcançar incríveis 2.200mph (3.540km/h). O seu perfil futurista tornou difícil de detecta-lo no radar. Até mesmo a tinta preta usada, cheia de metal de absorção de ondas radar, ajudou a escondê-lo dos olhos inimigos.

Toda uma indústria de alta tecnologia foi criada exclusivamente para fornecer peças sofisticadas para ele. Por exemplo, o combustível, um coquetel de alta tecnologia chamada JP-7, foi criado para ser usado apenas pelo Blackbird.

Há apenas um punhado de pilotos que voaram no avião. Um deles, o coronel Rich Graham, ex-piloto e autor de vários livros sobre a aeronave, presta alguns relatos sobre as características deste incrível super espião alado à BBC Futuro, em frente ao Blackbird que ele mesmo voou em incontáveis missões:

  • A União Soviética, na verdade, ajudou a construir a Blackbird : “O avião é de 92% de titânio por dentro e por fora. Quando eles estavam construindo o avião, nos Estados Unidos não haviam os suprimentos do minério – um minério chamado Rutilo. É um material muito rochoso e só é encontrado em poucas regiões do mundo. O principal fornecedor do minério foi a URSS. Trabalhando através de países do Terceiro Mundo em operações falsas, o EUA foi capaz de obter o minério Rutilo enviando-o para construir o SR-71.”
  • A velocidade máxima foi limitada pela temperatura do motor: “O limite de velocidade para o avião, ironicamente, não têm nada a ver com a sua estrutura, mas tem a ver com os motores. Bem na frente das tomadas de ar dos motores haviam os tubos termostáticos. Quando a temperatura estava em torno de 427ºC (800F), que é maior temperatura que os dois motores Pratt & Whitney podiam suportar, qualquer coisa além disso já não era garantido pelo fabricante, e os motores poderiam ser deslocados ou poderiam lançar lâminas da turbina”.
  • O combustível do Blackbird poderia apagar cigarros: “Quando eles estavam construindo o avião, o designer Kelly percebeu que as temperaturas externas iriam superar 300ºC. Todos os bordos de ataque alcançariam 300ºC e o resto da aeronave em torno 200ºC. Consequentemente, os 36.287,42kg de gasolina transportados nos seis tanques, se aqueceriam a 190ºC devido à temperatura da fuselagem, e assim as chances de uma explosão ou um incêndio seriam muito elevadas. Kelly teve que desenvolver um combustível especial com um alto ponto de fulgor, e é aí que ele veio com JP- 7. Este combustível tem um ponto de inflamação tão alto, que eu vi um chefe de equipe jogar uma ponta de cigarro acesa no combustível e simplesmente se apagar como se fosse jogado na água.”
  • O avião foi propositadamente concebido para vazar combustível: “Os tanques de combustível são praticamente a pele do avião. Se você rapar a fuselagem, o tanque de combustível estará logo abaixo. Não há tanques de combustível internos por causa da expansão e os ciclos de contração devido ao aquecimento e resfriamento da aeronave em velocidades diferentes. A manutenção, após um voo, verificava os vazamentos que faziam poças de combustível embaixo do avião, e calculavam medido em gotas por minuto para verificar se os vazamentos estavam dentro das tolerâncias. Em outras palavras, após um voo, o avião literalmente sangrava pelos poros.

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  • Os Blackbird´s encerraram a Guerra de Yom Kippur: “Um tempo de missão médio foi, provavelmente, de três horas e meia a quatro horas, e uma missão longa de oito ou mais horas. Através de toda a história do programa de 22 anos, houveram 13 missões que foram mais de 11 horas, mas elas eram muito raras.”

“Doze dessas missões foram levadas para fora da costa leste dos Estados Unidos durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. Fomos para o Oriente Médio e retornamos para os EUA, e o produto da missão foi entregue diretamente ao presidente. Ele queria saber se os árabes e os israelenses realmente voltaram para a linha de frente como eles disseram que fizeram. Nós fomos lá, tiramos as fotos, voltamos e mostramos as provas fotográficas de que ambos estavam mentindo sobre onde suas forças militares estavam. O presidente chamou os dois países e disse: ‘Eu tenho provas de que vocês não estão onde deveriam estar.‘ Isso é o que acabou com a Guerra do Yom Kippur.”

  • Para-brisas como forno improvisado​​: “Durante as missões, nós tomávamos bebidas de nossa escolha. Ela vinha em um frasco como você vê com maratonistas e ciclistas, e o tubo passava no lado direito do capacete até próximo da boca. Você apertava o tubo de pressão, e pelo bocal vinha água, gatorade, chá gelado, ou qualquer bebida de sua escolha. Era desta forma que nos hidratávamos. Para nos alimentarmos durante o voo, pegávamos o tubo de comida que vinham em gigantescos dispensadores de creme dental. Um dos meus favoritos para o jantar era macarrão com queijo, carne e molho, pudim de caramelo e pudim de baunilha de sobremesa. Funcionava no mesmo princípio para líquidos. Você apertava um tubo de alimentação em cada recipiente, empurrava através da porta de alimentação e espremia a comida fria em sua boca, o que dificultava a passagem dela pelo tubo, e era desagradável para comer.”

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“Eu descobri um pequeno truque para fazer. Se eu pegasse esse tubo e colocasse contra a minha janela no para-brisas dianteiro – que no exterior é 328ºC a Mach 3.2, e no interior, provavelmente entre e 149ºC 177ºC – e deixando ali por cerca de um minuto e meio, em ambos os lados, ele descia muito melhor quente do que frio. Foi no improviso nas alturas que eu fiz o meu forno em voo”.

Pra quem acompanha a saga X-Men, sabe agora de onde vieram as linhas futuristicas do X-jet.

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Renato Cobel
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