Costumo dizer que a mulher conseguiu feitos na aviação à altura de muitos atos pioneiros, julgados indispensáveis para a consolidação do voo. Muito mais do que leis aerodinâmicas, a mulher transpôs limites físicos, sociais e geográficos, levantando sempre a bandeira da igualdade entre sexos, e da vontade de também se destacar. Afinal, na história da aviação, vontade sempre foi tudo. E com ela os desafios, como os da mulher, se tornaram pequenos diante de um sonho maior.
Exemplos como o de Amelia Earhart, audaciosa desbravadora, ou o de Bessie Coleman, que venceu a segregação racial e social em plenos anos 30, inspiram até hoje mulheres a se destacarem não só na aviação, mas em todas as áreas de trabalho, antes exclusivas e dominadas pela mão de obra masculina. Durante os meus anos de curso, em duas universidades diferentes, pude perceber muito claramente que as mulheres que entram ainda jovens na aviação, carregam não só a gana pelo voo e a vontade da formação, mas também a responsabilidade de representarem o sexo feminino de forma honrosa, e sem diferenças quanto aos homens – o que, ao fim das contas, acaba deixando um dever a mais nas mãos dessas comandantes.
Acredito ainda que chegará um dia – em pouco tempo – onde uma tripulação exclusivamente masculina em comando de grandes jatos será algo raro, e por que não dizer, extinto? O mais interessante é que existem determinados aspectos da mulher em voo, profissionais e qualitativos, que superam com folga as conhecidas falhas que os homens têm. Ao contrário do que muitos podem pensar, não escrevo esta série assumindo uma ideologia de defesa dos direitos femininos, mas venho através desta reconhecer a consolidada e eficiente presença da mulher na aviação.
Como disse no começo da série, “as tarefas já não eram impossíveis de serem realizadas, nem muito menos inimagináveis, pela tecnologia da aviação daquele tempo, mas pelo fato de serem mulheres e estarem se aventurando num céu dominado por pilotos homens, até mesmo o próprio voo foi dado como uma tarefa nunca ates realizada.” A classificação de pioneiras das mulheres que desfiaram seus limites nos primórdios da aviação chega a ser injusta, levando em conta que alguns feitos já tinham sido uma vez realizados, e elas o fizeram na mesma ou superior qualidade que os homens. Então, essas heroínas devem ser chamadas de aventureiras, desbravadoras ou mesmo mulheres aviadoras, que garantiram e garantem o respeito da classe feminina na aviação mundial e na história.
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