Um trabalho que transpôs gerações

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É possível dizer que o Correio Aéreo Nacional abriu caminhos e transpôs distâncias imensuráveis ainda dentro da sociedade Brasileira. Esse foi então o maior avanço alcançado com esses voos. Novas rotas eram abertas a cada mês, à medida que novas aeronaves também entravam em operação. A autonomia e capacidade dos aviões eram as únicas limitações para o progresso do CAN. É preciso entender que o Correio Aéreo teve seu nascimento antes mesmo da Segunda Guerra Mundial, e progrediu durante e após esta. Desse modo, era difícil obter recursos – leia-se tecnologia e aeronaves – pelo motivo de que estes tinham outros destinos nesse período.

Durante a Segunda Grande Guerra, os pilotos do então formado Correio Aéreo Nacional foram convocados para compor o esquadrão “Senta a púa”, como citado anteriormente. Esses pilotos apresentaram desempenho muito superior aos pilotos de outras esquadrilhas, que utilizavam aeronaves bem mais sofisticadas para a época. O que explica esse fato? Os pilotos do CAN aprenderam a navegar em regiões sem auxílio de referência alguma. Por vezes, voavam horas no que o garimpo chamou de “inferno verde”. Não tinham rádio auxílios ou bases de referência. A navegação era rudimentar, guiada pelas cartas da época. Então, o que ocorria era que os pilotos não se perdiam, ainda que voassem em territórios nunca antes voados. Cumpriam missões com agilidade e, por possuírem um “pé e mão” herdado dos pousos em pistas escondidas na mata, desviavam facilmente da artilharia antiaérea em manobras evasivas.

Resumindo, o trabalho do Correio Aéreo gerou consequências até mesmo fora do Brasil, fazendo e sendo a diferença para determinadas batalhas da Segunda Guerra, ainda que indiretamente. Também é possível dizer que o Correio Aéreo Nacional, junto com a sua integração social, proporcionou um avanço para a aviação maior do que qualquer outra atividade vinculada a esta, de forma a levar a cultura do voo para vários estados e acender a ideia de criação das primeiras empresas aéreas, mostrando que era possível manter rotas fixas entre as cidades naquela época.

Até os dias de hoje, ainda são feitos encontros anuais entre os ex-pilotos e ex-funcionários do CAN com os que ainda continuam nesse trabalho atualmente. Histórias emocionantes e conselhos para prosseguir são compartilhados, bem como exibidos os resultados obtidos todos os anos pela Força Aérea. Acredito que não seria possível termos determinadas cidades no mapa, se não fosse pela integração proporcionada pelos voos diários e incansáveis das equipes.

Um fato curioso foi que o CAN ajudou a criar cidades no meio da selva. A própria cidade de Porto Velho, no estado de Rondônia, não seria o que é hoje se não fossem os voos contínuos feitos ainda durante a década de 50. O CAN não é apenas uma instituição dentro da FAB, mas sim um trabalho contínuo que já dura mais de 80 anos, cujos impactos foram muito além de mero transporte de correspondência, mostrando que o braço militar podia ser também uma mão amiga para o Brasil.

Eduardo Mateus Nobrega
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