Uma quebra de paradigmas

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Durante mais de cem anos de atividade aeronáutica, a mulher desenvolveu diferentes tipos de papéis, até mesmo alheios ao voo, mas sempre procurando consolidar sua presença e quebrar paradigmas. A forma mais evidente encontrada por elas de fazer isso foi repetir feitos extraordinários que homens conseguiram anteriormente, batendo recordes e mostrando, de forma muito honrosa, que a mulher também era habilitada ao voo.

Uma dupla quebra de paradigmas e limites sociais aconteceu quando Bessie Coleman logrou o êxito de ser a primeira mulher negra a conseguir a carteira de piloto internacional na França. Após ouvir histórias de pilotos que retornavam da primeira guerra, Coleman interessou-se pela aviação desejando ser piloto. Alguns anos após demonstrar o interesse, Coleman recebeu apoio financeiro e iniciou o treinamento, fora da África e longe de qualquer forma de preconceito, fosse pela sua descendência ou pelo seu gênero.

É interessante imaginar quantas barreiras essa mulher sofreu, e isso nos dá o claro exemplo da relação da mulher com a aviação. O principal impacto disso não foi uma mudança de visão das pessoas em geral. O que Coleman queria, de fato, era mudar a visão das pessoas de dentro do próprio meio aeronáutico. Anos depois, Coleman ficou conhecida pelo incentivo a jovens de ambos os sexos a iniciarem a carreira aeronáutica, inclusive com o sonho de um dia construir uma escola de aviação para jovens negros.

Outros grandes passos que a mulher deu talvez não foram tão vantajosos para aviação em si, mas sem dúvida ajudaram igualmente a mudar o conceito das pessoas. Como exemplo disso, temos a vida da alemã Hanna Reitsh. Ela estudava para ser médica pouco antes do início da Segunda Guerra, mas com a necessidade do exército alemão de contingente, Hanna passou pela academia de voo da Força Aérea Alemã com êxito, e se tornou piloto de testes. Hanna se arriscou muito em suas missões. Testou os melhores aviões alemães, e aprimorou as aeronaves para se tornarem eficientes armas de guerras.

Existe um livro publicado há poucos anos, no qual se fala de forma abrangente sobre a atuação das mulheres na aviação, bem como sobre as consequências de cada tentativa ousada em deixar seus nomes na história. O livro se chama “The Female Few”, com o subtítulo traduzido de “As heroínas do Spitfire no transporte auxiliar”.

Durante a continuidade da semana, vamos perceber o que ocorre atualmente e como se dá a presença, hoje em dia, da mulher na aviação depois de anos de luta. Muitos conceitos mudaram, as aeronaves são bem mais maleáveis, e a guerra não é mais o principal motivo de voar. Mas será que os paradigmas já foram totalmente quebrados?

Eduardo Mateus Nobrega
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