Ganhando destaque por fazer o certo | Minha Proa: 014

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Quando você sai de um restaurante que não gosta, nada lhe impede de, da próxima vez, fazer sua refeição em outro. Afinal, qualquer metrópole possui praticamente centenas de opções. Entretanto, quando o tema é aeroclube e escola de aviação, a falta de escolha acaba afetando essa liberdade.

É sabido que, comparado a outros países mais desenvolvidos, o Brasil possui poucos aeroclubes por estado, havendo aqueles alunos que são obrigados a até se mudar temporariamente, para fazer sua instrução nos locais mais próximos de suas casas. Devido a essa dificuldade, também fica claro o fato de que mesmo que um aluno acredite que aquela escola não é a melhor na qual ele poderia voar, ele pensa 1013 vezes antes de sair dali. Afinal, a outra escola mais próxima poderia ficar até em outro estado.

Por ficarem cientes disso, alguns administradores não se preocupam em fidelizar seus então alunos-pilotos, pois ou eles voarão ali, ou farão uma formação muito mais cara em outro local, principalmente devido ao custo da locomoção ou mudança.

O termo “fidelizar”, neste caso, é o mesmo que qualquer empresa utilizaria para fazer com que o cliente retornasse outro dia – como o bom atendimento, equipe treinada, boa prestação de serviço e honestidade. Ironicamente, são justamente esses elementos primordiais que muitos alunos acabam sentindo falta, e que relataram através dos vários e-mails enviados para nosso site ao longo dos anos.

A reclamação mais comum quanto a isso é o aluno sentir que a administração o trata como se estivessem fazendo um favor para ele, pois mesmo pagando caro por aquela instrução, ainda são tratados com indiferença por aqueles prestadores de serviço. Ao invés de receberem um “posso ajudar?”, acabam tendo um “o que você quer?”.

A falta de confiança no aluno é outro ato que acaba deixando-o cada vez mais desgostoso, conforme sua experiência cresce e sua liberdade diminui. Há casos em que o aluno tem capital para voar aeronaves mais avançadas em seu curso de PC, mas a escola cria diversas barreiras para isso não ocorrer, quando na verdade está apenas reservando aquelas aeronaves para a nata de seus amigos e sócios mais antigos.

O chamado “Solo Assistido” é outro item que reforça este tabu cultural que existe nas escolas, onde naquelas missões onde o aluno poderia (ou deveria) ir sozinho, ele é acompanhado por seu instrutor, que teoricamente deveria ficar mudo e apenas observar o voo do aluno, que está voando sozinho… só que não.

Todos os pontos citados ao início foram os parâmetros que eu procurava quando comecei minha formação, e devido a isso, hoje voo em uma escola de aviação mais longe de minha casa, mais cara, e com um sistema de formação mais exigente que outras pelas quais passei ou conheci. Ainda assim, afirmo que há muitos aeroclubes e escolas de aviação bons no Brasil, mas pequenos detalhes como estes criam a linha tênue entre uma escola boa, e uma escola ótima.

Fidelizando seus clientes, empresas como essa ganham destaque, não por fazer algo extraordinário, mas sim por simplesmente… fazer o certo.

Abraços,

Sales

Alexandre Sales
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