Livre Pouso 12

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“Vai ver as rosas! Assim compreenderás que a tua é única no mundo… Tu voltarás para me dizer adeus e eu te presentearei com um segredo.”

O.L.A. tripulação! A frase acima é de um livro bastante conhecido e atemporal, cujo sentido pode ser compreendido ainda que lido em diferentes épocas de uma vida. Hoje vou falar sobre nós, mulheres, que enfeitamos os céus, a vida e o coração de vocês… Assim como a rosa do Pequeno Príncipe.

Como já dito na LP 08, a maior frota do mundo está aqui em São Paulo com seus mais de 400 helicópteros, já atingindo a marca de 2.000 aeronaves em todo o Brasil. Somos cerca de 3.000 pilotos, mas, deste número, alguém aí se arriscaria a me dizer em quantos seres da minha espécie nós somos?

Estima-se o número aproximado de 80 pilotos de helicóptero do sexo feminino, cerca de 2,5% da população com CHTs (Certificado de Habilitação Técnica) emitidos pela ANAC.

Muitas foram incentivadas por pais, irmãos ou maridos pilotos. Outras já trabalhavam na aviação exercendo outra atividade. Outras, assim como eu, chegaram aqui por meio de um sonho e com nenhum envolvimento ou conhecimento deste meio tão peculiar. Mas o fato é que, de qualquer maneira, surpreendemos muita gente, dentro e fora da aviação. Sexo frágil? Basta só um chocolate!

Assim como qualquer um que queira se tornar um piloto, passamos pelas cadeiras dos Aeroclubes para aprender sobre Meteorologia, Teoria de Voo (aerodinâmica), Conhecimentos Técnicos (mecânica), Navegação e Regulamentos do Tráfego Aéreo. Passamos pelo Hospital da Aeronáutica e por bancas na ANAC, chegamos às Escolas de Aviação Civil para colocar tudo isso na prática e, na maioria dos casos, também investimos alto e usamos a criatividade de qualquer piloto a cada pacote de horas negociado.

E aí a pergunta… Chegamos até aqui e não desistimos, assim como você, então qual é a diferença entre nós, além da nossa própria biologia que nos fez em espécies diferentes, porém complementares?

Agradeço a Deus pela grande parte das outras 97,5% da população aeronáutica de asas rotativas que não me viu com diferença! Homens que conheço, divido e convivo diariamente, partilhando de uma mesma paixão, compreendida em dificuldade e intensidade. Instrutores que me receberam, me ensinaram, me apoiaram, me defenderam, me prepararam e, sem preconceito, fizeram de mim um piloto.

Agradeço ainda pelos amigos queridos desta trilha de 4 anos, trazidos por ventos desconhecidos e mantidos com muito amor, trocando experiências de voo e de vida, com quem espero seguir por muitos e muitos anos… Isso inclui os de asa fixa, que estão fora da estatística, mas não são menos importantes (pronto, chega, só alguns!).

A mídia que vou compartilhar hoje é de uma pessoa muito especial, exemplo de mulher guerreira  e que, com certeza, é referência para muita gente.

Tripulação, portas em manual. Para o corte, boa!

Helena Gagine 

Renato Cobel
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