O começo de tudo, as aeronaves de instrução: Cessna 150/152

A Cessna, em seu manual, faz questão de dizer a seguinte frase: ‘’We’ve sold more airplanes than anyone else in history’’ (nós vendemos mais aeronaves do que qualquer um na história), e de fato isso é verdade. A Cessna parece ter encontrado a fórmula mágica para fabricar aeronaves no molde exato que as pessoas gostariam de comprar. Só do modelo 172 foram vendidas mais de 43 mil unidades. Imagine os outros modelos que chegam até a compor a frota de determinadas forças militares como a do Brasil.

No meio desse sucesso todo veio o Cessna 150, uma aeronave que surgiu primeiramente em 1952, após o sucesso anterior do 140 e respectivas versões. O Cessna 150 rapidamente foi incorporado à frota de treinamento, e para uso pessoal de fazendeiros que precisavam ir à cidade ou a outras fazendas, fazendo assim jus ao seu nome, Cessna Commuter. Logo, com o seu sucesso, foi desenvolvida sua versão melhorada e mais usada atualmente, o 152, equipado com um motor Lycoming, dando um pequeno aumento de potência à aeronave.

Sua fuselagem foi, no início, feita totalmente em liga de alumínio. No entanto, a solda em alumínio era dificultosa, tornando bem complicado o molde das pontas das asas e outras estruturas, que precisaram ser feitas de fibra de vidro. Sendo assim, após algum tempo começou-se a fabricar as fuselagens inteiramente de metal leve.

Alguns anos depois, com a sua grande popularização, foram desenvolvidos os famosos AEROBATs. Eram Cessnas 152 com motores maiores e fuselagem bem mais leve e resistente, que puderam ser utilizados para acrobacias, fazendo também dessa uma aeronave de diversão.

Ao contrário do que muitos pensam, o Cessna 152 também pode ser equipado com instrumentos IFR e realizar praticamente todos os procedimentos dessa categoria. Por certo tempo, e também em algumas situações específicas, era homologada a operação do Cessna 152 com 3 passageiros, sendo dois lado a lado e um ajustado na parte de trás da aeronave. Isso sem dúvida era muito desconfortável e perigoso, pois trazia o CG do avião demasiadamente para trás, fazendo-o mais instável.

Mas como tantos Cessnas 152 vieram parar no Brasil, sendo que eles não eram fabricados aqui? Simples: eles vieram conduzidos por pilotos desde os EUA até aqui, fazendo dezenas de escalas e sempre pousando primeiro na cidade de Boa Vista-RR (extremo norte do Brasil), ou em algum aeroporto internacional mais próximo, para que fosse feita toda a vistoria e devida homologação e matrícula deste no nosso pais. Essa grande travessia guarda muitas histórias e tirou também várias vidas, mas alguns anos depois começou-se a trazer essas aeronaves em containers, todas desmontadas, muitas sem condição de voo, para serem refeitas e reconstruídas aqui.

Com todas as suas qualidades e importância, o Cessna 150/152 talvez seja hoje a aeronave mais utilizada na instrução de pilotos em nosso país. Mas no passado, quem dominou essa área foram as aeronaves de pouso de três pontos, que serão assunto do próximo capítulo da nossa série.

Eduardo Mateus Nobrega
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