Desde que o Canal Piloto Reporta começou, várias notícias foram dadas a você, caro leitor. Novidades tecnológicas, acidentes aéreos, denúncias e curiosidades, todos esses temas tiveram sua vez no site. Porém, a que mais surpreendeu, no meu ponto de vista, foi a do possível novo avião presidencial, primeiro nessa notícia, complementada por mais essa.
Como todos sabem, a Fab está passando por algumas dificuldades financeiras e técnicas. Alguns acidentes mancharam um pouco a reputação da organização militar, como o incidente dos caças Mirage 2000, centro das atenções no FX-2, ou o acidente do Embraer Super Tucano que caiu após a decolagem.
O Mirage 2000 é fruto da desastrada concorrência FX-1, já que nenhuma proposta para a compra de novos caças foi escolhida pelo governo tupi nanquim. Para apagar o incêndio que o próprio Brasil criou, doze caças Mirage 2000, usados da França, vieram para substituir os antiquados Dassault Mirage III (F-103 na Fab).
O que mais intriga nessa história toda é saber se a presidenta Dilma Rousseff ou outras autoridades importantes estão preocupadas com o umbigo deles ou com a nossa heroica Fab, já que a possível compra desse Boeing 747-8 anda a plenos motores, enquanto que o FX-2 foi adiado pela milésima vez, devido “falta de verbas, em face da ‘marolinha’ mundial de 2008”.
Não é só isso. Enquanto isso, os nossos quatro (ou dois, já que os outros dois sempre estão em revisão) Boeing KC-137 estão voando, talvez no limite do limite, já que são os maiores aviões da Caserna até hoje. Não me admiro que não houve nenhum acidente, já que a manutenção desses aviões é de primeira.
Todas essas situações nos fazem ficar mais vermelhos de vergonha que uma lata de tomate. Como que nosso país é considerado a sexta maior economia do planeta se a nossa Força Aérea é uma das mais mal aparelhadas desse planeta? Por que nossos políticos dão preferência à situação dos jatos executivos em que voam (na maioria, da própria Fab) do que aos caças que protegem o país? Vão equipar os VU-35A Learjet com metralhadoras embutidas, para combater qualquer ameaça que invadir nosso espaço aéreo?
Agora, há a necessidade de discutir a real necessidade desse avião presidencial, já que foram gastos US$ 56,7 milhões com o Aero Dilma. Esse dinheiro poderia ser gasto mais satisfatoriamente se fosse investido em saneamento básico nas favelas brasileiras, por exemplo. Mesmo porque, se fosse ‘vergonha’ precisar fazer escalas de reabastecimento durante viagens, um avião com maior alcance teria sido comprado.
Um Boeing 747 na Fab seria muito bom, mas não na função de transporte Vip, mas sim para substituir os KC-137 citados acima. E não só uma aeronave, mas umas trinta ou quarenta, já que os C-130 também estão no limite de suas vidas. Mas esses aviões só poderiam entrar na Aeronáutica se verbas para a operação e manutenção dos aviões existissem, seja em ano eleitoral, seja em ano normal.
Esse ano, teremos eleições municipais. Por mais que seja chato, caro leitor, preste atenção nas propagandas, use bem o seu voto. Chega de pagar caro para receber barato lá no futuro. Pense bem em quem será o ganhador de seu voto. Não adianta reclamar quatro anos seguidos dos governantes que estão no poder.
Antonio Ribeiro
23/07/2012
