Os últimos 25 segundos em uma batalha

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Histórias sempre fascinaram todas as pessoas, sejam as dramáticas, as assustadoras, as fictícias ou muitas outras. Nesta que iremos trazer hoje, tentaremos levar o leitor para a pele de um piloto da Segunda Guerra, para sentir toda a adrenalina e a ação que se passavam em meio às explosões a bordo de uma lendária aeronave.

O semi dilacerado Me 109 estava em potência total e tremendo inteiro em seu mergulho profundo a 740 km/h, como se não fosse possível recuperar mais a aeronave. No cockpit, com apenas 19 anos, o Sgt. Piloto Noel Hahnn estava vivendo seus últimos 24 segundos de vida, em um inferno de fogo criado pelas sedentas armas americanas, enquanto os tiros perfuravam a fuselagem de metal do Messerschmitt, Noel estava todo coberto de sangue, com seu braço esquerdo dilacerado.

Desde o momento em que ele decolou com mais três colegas, seu motor apresentava constantes problemas. Era óbvio que ele não conseguiria manter o ritmo com a esquadrilha, e ele duvidava que pudesse chegar ao seu destino. O líder do esquadrão se aproximou dele, gesticulando violentamente de sua aeronave, acenando para que ele voltasse. Mas Noel não poderia fazer nada: ele sabia que seria impossível retornar. Sem contar que, se retornasse, a acusação de covardia iria segui-lo para sempre. Em alguns momentos, os pilotos haviam perdido seus rumos, até enfim localizarem quatro caças inimigos que se aproximavam para interceptá-los.

Eram quatro Mustangs americanos. O Me 109 solitário de Noel acabou sendo cercado pelos quatro aviões inimigos! Os primeiros tiros atingiram a cabine de comando, danificando os instrumentos e acertando seu braço esquerdo. Os vidros despedaçados da aeronave atingiam seu rosto, fazendo o jovem piloto sangrar bastante. O avião alemão começava a cair em chamas, enquanto os pilotos dos Mustangs não se importavam mais em gastar tempo com a aeronave já atingida.

Noel, desesperado e se sentindo humilhado, conseguiu transformar sua raiva e vontade de sobreviver em determinação, e a cerca de 15 mil pés, viu um B-17 abaixo. Se ele pudesse ficar vivo por mais alguns minutos… Usando suas últimas forças, segurou com firmeza o manche entre seus joelhos, e com a mão direita, ajustou a velocidade e os flaps. Em meio à queda, ele conseguiu desacelerar. A sensação de perigo o estava agindo como uma espécie de calmante nos momentos mais desesperadores.

Cinco minutos atrás, Noel era um jovem assustado e perdido nos céus, mas agora, ele possuía um sentimento desesperado de matar todos os inimigos. Sua mente só o fazia pensar em uma coisa: preciso destruir este B-17 a cerca de 2 milhas à frente! Finalmente, em seus últimos 20 segundos de vida, ele estava mirando na grande aeronave, enquanto os tiros passavam ao seu redor. Ele via a aeronave crescer cada vez mais, e enquanto isso, sua aeronave tremia voando nos limites máximos de velocidade. Por fim, ouve-se um alto som vindo do 109 ao atingir a cauda do B-17, surgindo uma grande explosão com muitas chamas… Então nada mais.

No dia 7 de Abril de 1945, o último Me-109 da Luftwaffe decolou para participar da última missão suicida da aviação alemã. Esta operação foi nomeada de “Homem-lobo”. Essas operações desconhecidas nunca foram criadas pelo Alto Comando alemão. Os livros históricos que podemos consultar citam essas missões vagamente. Dos 120 pilotos mortos, poucos se tornaram conhecidos, e para manter em segredo tais atos, os poucos que sobreviveram tentaram evitar essas amargas lembranças.

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Andrews Claudino