“As pessoas boas devem amar seus inimigos”? | Minha Proa: 015

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Algo que fica claro em todo o conteúdo que produzi através do Canal Piloto é que gosto de ajudar as pessoas. Gosto de fazer novos amigos, e auxiliar alguém a acertar naquilo que eu um dia errei. É totalmente gratificante. Entretanto, se alguém que um dia eu ajudei vier a retribuir com uma puxada de tapete, por exemplo, entra em cena o rancor. E eu não estou sozinho nesse clube.

Antes que imaginem o pior cenário possível, vamos a um exemplo: Imagine que eu monto uma escola de aviação, que ministra apenas cursos teóricos, para PP, PC e CMS. Um amigo se interessa pelo projeto, e mesmo inexperiente, ensino-lhe a administrar o negócio, no qual agora iremos entrar como sócios igualitários.

Com tudo pronto, e com a data de estreia já sendo divulgada pela região, os alunos começam a se inscrever para as primeiras turmas, até que o então amigo-sócio começa a se mostrar cada vez mais ausente. E no primeiro mês de funcionamento da escola, resolve que quer sair do negócio, vendendo-me sua parte na empresa e deixando o caixa da mesma negativo durante os próximos meses.

Continuando a administrar agora o negócio de modo solo, alguns meses se passam, e eis que fico sabendo através de um dos professores contratados que o meu antigo sócio estava trabalhando na mais nova escola de aviação, aberta na cidade vizinha. A tal escola havia sido financiada por um investidor que entraria com o dinheiro, e só procurava alguém com o conhecimento – o nosso ex-sócio – que por interesse financeiro acabou abandonando nosso projeto, que só renderia a longo prazo. Após continuar a conversa, nosso professor diz que ele e seus colegas receberam propostas dessa outra escola, mas por princípios, permaneceram conosco.

Após um ano, o lucro de minha escola segue estável e crescendo aos poucos, e a de nosso ex-sócio, não rendendo o lucro que o investidor imaginava, fecha as portas.

Sem outro lugar no qual trabalhar, o ex-sócio volta a entrar em contato, querendo não 50% da sociedade como antes, mas apenas trabalhar na administração da escola. E agora, José?

O sócio neste caso agiu com desonestidade e anti-ética, deixando nossa escola em um momento crítico por motivos puramente gananciosos, migrando para outra empresa por baixo dos panos, com os conhecimentos adquiridos em nossa escola. E ainda, tentou tomar os professores que já havíamos contratado.

Nessa situação, eu não teria vergonha de negar o retorno dele. Ele, sim, deveria ter vergonha de solicitar o retorno para nossa escola.

Assim como nesse exemplo, diversos outros casos semelhantes ocorrem na aviação. Mas é interessante notar que, mesmo assim, nenhum profissional eticamente correto irá prejudicar quem já lhe prejudicou. Seu Madruga estava correto ao citar que “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”, mas certamente o prejudicado não moverá um dedo sequer para ajudar esta pessoa de nenhum modo – o que, neste caso, poderá ter consequências tão graves quanto. Não por responsabilidade nossa, mas sim da própria pessoa.

“Acho que é muito difícil amar os inimigos, mas os idiotas, é quase impossível” – Seu Madruga

Abraços,

Sales

Alexandre Sales
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