Por que voar um monomotor?

Certamente você já ouviu falar que, na dúvida, o melhor é optar pelo que é mais simples, certo? Acredite ou não, um piloto jamais chegará a um ponto onde vai saber tudo sobre o avião que voa, ou mesmo estará 100% preparado para as situações que podem lhe ocorrer. Desse modo, a tendência da aviação vem sendo simplificar o gerenciamento dos recursos do cockpit, seja automatizando processos ou mitigando possibilidades de erros.

Pensando justamente dessa forma, as novas empresas de aviação vêm projetando aeronaves que são mais simples e mais claras operacionalmente. Por isso, a opção por projetos com três ou dois motores vem perdendo força, dando espaço para aeronaves monomotoras, sem prejuízo de performance e com grande redução dos custos, competindo assim no mercado de aviação executiva leve.

Da mesma forma que um bimotor apresenta pontos positivos, uma aeronave monomotora também pode se destacar em determinados fatores. Um ótimo e famoso exemplo é o Pilatus, uma aeronave monomotora, de transporte executivo, com alto desempenho e porte de um avião bimotor, operando somente com um motor. É interessante fazer uma comparação com o King Air C90, também famoso bimotor, pois o Pilatus possui quase as mesmas dimensões, e a mesma performance em voo. Aí podemos ver o real intuito de simplificar a operação dos aviões, sem perder o desempenho que ele teria sendo multimotor.

Um monomotor, além de ser mais simples e menos custoso, possui uma manutenção mais facilmente executável, de modo que não exige uma série de revisões que aeronaves bimotoras são obrigadas a realizar. Isso reflete, logicamente, num custo menor de operação e menos tempo do avião em solo, podendo assim torná-lo mais rentável.

No que tange a segurança, entra o que antes foi dito sobre a alta perda de eficiência de aeronaves multimotoras, quando ocorre falha de um motor. Uma aeronave mono não sofre essa perda, e apesar de não ter um motor ainda em operação, consegue realizar manobras de emergência de forma mais segura. Quando respeitados os limites do avião, permite o voo estável e funcional até a alternativa de pouso mais próxima.

É claro que é sempre bom termos equipamentos duplicados na aviação. Se for possível, manter uma segunda opção a bordo é o ideal a se fazer. Mas se essa segunda opção trouxer mais danos ao desempenho do voo, o ideal mesmo é, como sempre, optar pela simplicidade de operação sem perda de eficiência.

Eduardo Mateus Nobrega
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