Segurança Aérea

posted in: Antonio Ribeiro, Textos | 11

Um pouquinho da história da Segurança Aérea

A Segurança é algo que você precisa, seja pra qualquer coisa. Desde o tipo de combustível que será usado no abastecimento até o modelo de parafuso escolhido para segurar a asa dessa mesma aeronave.

Na maioria das conversas de hangar, o papo é sobre o conhecido que se envolveu em um acidente. Sempre tem alguém que conhece um “piloto” de fim de semana que ficou no hospital ou que até mesmo trocou de casa, sendo que nesse caso, foi morar em um clube, o dos mortos. Mas isso é outra história. Com algumas historinhas abaixo, vamos analisar mais profundamente a necessidade de segurança.

Ícaro era filho de Dédalo, sendo que, de acordo com a Mitologia Grega, Dédalo matou um sobrinho e se refugiou em Tebas, governada pelo rei Mino. Após o nascimento do Minotauro (não confundir com o lutador de boxe, embora o significado do nome valha para os dois…), fruto dos amores entre Pasífae (mulher de Minos) e um touro divino (V. Minos), construiu o labirinto, no qual encerrou o monstro. Tempos depois, o Minotauro foi morto por Teseu (V. Teseu e V. Minotauro), e com isso, Dédalo foi preso no labirinto, juntamente com Ícaro.

Reza a lenda ainda que Dédalo construiu dois pares de asas artificiais a partir da cera do mel de abelhas e penas de gaivota, sendo um para ele e outro para Ícaro. Antes, porém, alertou ao filho que não voasse muito perto do sol, para que esse não pudesse derreter a cera das asas, e nem muito perto do mar, pois esse poderia deixar as asas mais pesadas. No entanto Ícaro não ouviu os conselhos do pai e querendo realizar o sonho de voar próximo ao sol, acabou despencando e caindo no mar Egeu, enquanto seu pai, aos prantos, voava para a costa.

Não existem relatos que esse fato ocorreu realmente, mas disso conseguimos uma conclusão e uma boa associação. Dédalo se preocupava com seu filho e com ele mesmo, tanto que imaginava que sua “máquina” tinha um limite. Ícaro provavelmente agiu como um aviador nato, que queria apenas sentir o frescor dos ventos a alguns metros de altitude. Mas ao desobedecer ao limite do par de asas, sem se preocupar com a sua própria vida, perde esta estupidamente.

Agora uma associação atual a isso pode ser interpretada assim: Um comandante (fanático por voar, diga-se de passagem) carrega no seu xodó, um McDonnel Douglas MD-11, por exemplo, trezentas e vinte pessoas. Com a cabeça fria, faz seu ckeck-list junto com seu co-piloto antes de decolar. Enquanto as comissárias demonstram os procedimentos de emergência aos passageiros, um passageiro com a cabecinha iluminada volta atrás nessa viagem e, para sair da aeronave, abre a janela da saída de emergência 30 minutos após a decolagem, quando a aeronave encontra-se no nível 330. Obviamente, sem se preocupar com os efeitos da atitude, faz trezentas e vinte pessoas perderem a vida estupidamente. Ou seja, não houve preocupação nesse caso.

Outro exemplo prático e histórico de como houve a necessidade de se “segurar”: Antes de Santos Dumont e seu 14 Bis alçar voo no campo de Bagatelle (se você é dos Estados Unidos para cima, troque o personagem do exemplo pelos Irmãos Wright, em Kittyhawk), houve muitos malucos que tentaram voar de acordo com sua vontade. Vou explicar o motivo dessa afirmação.

Nessa época, quem quisesse voar, precisava apenas de um balão e de um pouquinho de coragem e dignidade. E como não existia muita tecnologia ainda, não havia aquela lamentação pelo falecido em um acidente, pois outro maluco inexperiente iria tentar. Tanto que o brasileiro foi um desses malucos, mas ele teve sorte e perícia. Mas quem conhece sua história sabe que ele sempre tinha como co-piloto a morte.  Tanto que, antes de descobrir o avião, se aventurava nesses mesmos balões, chegando a ficar pendurado pela cestinha de um deles em um prédio localizado em Paris, capital francesa.

Com a popularização do avião, vários “comandantes” tentaram marcar o nome na História. Mas para variar, sempre havia alguém que achava que o avião não tinha limites: vários acidentes começaram a aparecer, seja por problemas de saúde, por imperícia própria ou pelos dois fatos juntos.

Muito distante da década de 30, um Boeing 727-200 Super Advanced operado pela Vasp partiu do Aeroporto de Congonhas para Fortaleza. Após uma escala no Galeão, o vôo partiu pesado, exatamente com 137 ocupantes. Antes do ponto previsto, o avião passou pelo ponto TOP (Top Of Descent), e iniciou a sua descida, praticamente em cima da Serra da Aratanha, no estado do Ceará. Mesmo com os avisos do co-piloto, assustado pela incrível quantidade de morros, o comandante não mudou a altitude de sua aeronave. Deu no que deu, e mesmo com os alarmes soando na cabine, alertando a baixa altitude da aeronave, a aeronave colidiu com um morro, matando todos os seus ocupantes. Os corpos ficaram irreconhecíveis, tamanha a força do impacto.

Podemos concluir que o comandante abusou de sua confiança, pois os computadores não costumam errar em seus indicadores. O co-piloto foi extremamente profissional ao avisar sobre a aproximação das montanhas, mas negligente ao não intervir nas decisões do comandante. Essa negligência estúpida custaria 137 vidas.

Outro fator importante é que, naqueles anos, havia muita falta de rigor em exames médicos. De acordo com alguns relatos, o comandante daquele fatídico vôo da VASP estava com alguns problemas familiares, tendo que sustentar duas casas e com uma dívida enorme, que iria vencer em questão de dias. A VASP afastou o piloto por causa de alguns problemas psicológicos, mas foi negligente em não manter esse afastamento.

Conclusão

 A Segurança é muito importante, pois se você não seguir nenhum procedimento de segurança, fatalmente você irá morrer, e isso com certeza não é bom.

O mais importante é nunca improvisar. Quando os manuais dizem que fazer tal coisa é proibido, com certeza existe um motivo para não fazer tal coisa, seja porque o motor da aeronave cairá ou porque o profundor da aeronave será entortado e arrancado.

Então lembre-se de verificar se não existe nenhum louco na sua aeronave… E siga sempre os manuais. Bons voos a todos e boa semana.

Frase da Semana

    “Lembre-se sempre que você pilota com a cabeça e não com as mãos. Nunca permita que
o avião leve você a algum lugar onde sua cabeça não tenha chegado cinco minutos antes”

Alexandre Sales
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