“Também estou no aeroporto” | Minha Proa: 057

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A vida é cheia de coincidências… E a próxima pode estar mais perto do que você imagina.

Quando eu comecei na aviação, uma das primeiras pessoas que me auxiliaram de modo dedicado foi um rapaz de Itanhaém chamado Henrique Chelotti. Na época em que o encontrei nos fóruns do Orkut ele era apenas um PP Teórico, mas os anos se passaram e ele ingressou na linha aérea como Primeiro Oficial.

Após o constante auxílio que ele me proveu virtualmente durante meses, tivemos a oportunidade de nos encontrar pessoalmente por duas vezes. A primeira foi em uma edição da LABACE realizada em Congonhas. A segunda ocorreu no Aeroporto de Bragança Paulista, quando ele foi assumir um voo após o check de PC, enquanto eu aguardava um amigo pousar para retornarmos juntos para São Paulo.

Conforme nossas formações aeronáuticas evoluíam, crescia também a raridade de nos encontrarmos, ainda mais agora que ele havia ingressado na atípica escala de linha aérea.

Certo dia fui convidado para dar mais uma palestra, em uma faculdade de aviação no Nordeste. Nela eu iria falar sobre a experiência de aprender a voar na Terminal São Paulo, e também como é voar em aeronaves da aviação geral no espaço aéreo mais congestionado do país. Juntamente com dois outros membros de nosso site, me dirigi para Guarulhos, onde pegaríamos um voo direto de São Paulo ao nosso destino. Entretanto, como a vida é uma caixinha de surpresas, acabamos perdendo o avião devido a uma troca de portões. O motivo de apenas nós três termos perdido esse voo ainda hoje é motivo para debate, pois cada um de nós tem uma teoria.

Após uma conversa com um funcionário, tínhamos duas opções. Poderíamos esperar diversas horas em Guarulhos para esperar um novo voo direto, que pousaria durante a madrugada, ou poderíamos pegar um outro voo que sairia algumas horas depois, mas que teria conexão em Brasília antes de seguir para o destino final. Para aproveitar o turismo pelos aeroportos, escolhemos a segunda opção.

Independente da opção, sobraria pouquíssimo tempo para descanso antes da palestra no dia seguinte. Mas como ela já havia sido divulgada, remarcar o auditório, avisar o público e alterar a agenda da faculdade não seria fácil, e nem justo.

Desembarcamos em Brasília após a primeira perna do voo, e para compartilhar nossas mazelas, publiquei uma foto nas redes sociais contando como fomos parar ali por desventuras do destino. Dentre alguns fãs informando que por pouco não se encontraram conosco nessa conexão inesperada, estava um comentário do icônico Chelotti.

“- Também estou no aeroporto! Acabei de desembarcar, onde você está?” – Dizia o comentário dele.

Nesse momento estávamos na praça de alimentação, onde com alimento e conexões de energia e internet, poderíamos sobreviver às horas de espera. Leio o comentário do meu antigo mentor, e dou uma olhada ao redor para citar alguma referência na resposta que eu escrevia. Não demorou muito, e encontrei uma referência relevante.

Escrevo:

“- Estamos na mesa ao lado”.

Todos riem. E mais um dia fica na memória.

Alexandre Sales
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