5 coisas para NÃO fazer em voo

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Ao longo de suas décadas de existência, a aviação se desenvolveu e se tornou cada vez mais segura graças às inúmeras experiências de pilotos que nos precederam. Cada incidente ou mesmo acidente nos deixou uma valiosa lição a ser sempre lembrada. No entanto, é possível que novos tempos nos levem a cometer novos erros? É possível que, por pouco conhecimento ou experiência, venhamos a repetir erros já cometidos em outras ocasiões? Vejamos hoje algumas coisas que, convém lembrar, não devemos NUNCA fazer em nossos voos:


Não efetuar o Do-and-Read

Após alguns voos de instrução, repetindo os mesmos e simples check-lists, é natural que ganhemos confiança e nos pareça dispensável fazer o cross-check do que fizemos com o que está escrito. Afinal, para que conferir algo que se decora tão facilmente? O fato é que o excesso de confiança é o primeiro passo para um erro que pode até ser fatal. Ao se esquecer de enriquecer a mistura em um procedimento de aproximação e pouso, por exemplo, corre-se o risco de uma falha de motor em baixa velocidade e baixa altura.


Tirar selfies em voo

Por incrível que pareça, é cada vez maior o número de pilotos que arriscam largar os comandos, ainda que por rápidos segundos, para fazer uma selfie. Aliás, se usar o celular ao volante já é perigoso, usá-lo ao manche pode ser mais arriscado ainda. Quem já ouviu falar da “regra dos três segundos” sabe que, se um piloto se detiver por esse tempo ou mais em um único instrumento, os outros tenderão a fugir dos parâmetros corretos. Um instrument scan constante, aliado à checagem das referências visuais, é indispensável para manter-se na proa, altitude e velocidade corretas – para não falar no risco de uma desorientação espacial.


Confiar somente na tecnologia

É bem verdade que, nos dias de hoje, contamos com inúmeros recursos de tecnologia de ponta para nossos voos. Aplicativos de cartas de voo e informações aeronáuticas são cada vez mais comuns para tablets e celulares. No entanto, não podemos nos dar ao luxo de uma bateria fraca ou qualquer outra falha nesses aparelhos em pleno voo. Portanto, não dispense as boas e velhas cartas em papel, além de ter à mão anotações como frequências de controle, códigos transponder e outros itens de referência rápida. Na aviação, redundância sempre é sinônimo de segurança.


Fugir da fraseologia padrão

Recentemente, presenciei um piloto na fonia dizer “xadrez” no lugar de “x-ray” – talvez por achar muito difícil (?) a pronúncia na fraseologia padrão. É bom lembrar que regras e padrões existem por um bom motivo: manter uma comunicação clara, rápida e isenta de más interpretações. Nosso cérebro assimila com mais rapidez uma palavra vista ou ouvida várias vezes. Por isso nos causa confusão uma palavra mal escrita, ou mesmo mal pronunciada. Da mesma forma, uma comunicação padrão é interpretada com maior clareza e rapidez. O nosso alfabeto, é importante lembrar, provém do documento MCA 100-16, e não da cartilha “Caminho Suave”.


Arriscar uma manobra

Se você é um piloto em formação, não vale a pena tentar, por exemplo, uma perda de terceiro tipo sem potência, quando o instrutor não está presente para cumprir com o papel de safety pilot – quem dirá então uma recuperação de parafuso, ou pior ainda, algo irregular como uma decolagem americana. Se você acredita que precisa praticar mais alguma manobra, não há nada de mau em registrar algumas horinhas a mais de duplo comando em sua CIV. E se alguma manobra não está em nenhum manual, certamente não foi prevista por quem mais entende do avião que você voa: o seu próprio fabricante.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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