E aí Cmtes, tudo tranquilo? Maravilha!
Paramos no PE e efetuamos o check pré-decolagem. Tudo normal, chamamos para decolagem e esta foi autorizada. Alinhamos e decolamos. O BTW já é “véio de guerra”. O velocímetro é graduado em MPH, então nossas velocidades voltaram ao normal, VR 60 MPH, subida com 70 MPH, cruzeiro e pouso com 80 MPH. A diferença era nítida em relação ao VIE.
Enquanto que com o VIE atingíamos a altitude de tráfego, que é de 2900, terminando a curva para ingressar na perna do vento, com o BTW só fomos atingir quando perto do ponto para girar base. Apesar disso o BTW é um pássaro guerreiro. Se não me engano, ele já está com 17 mil horas de voo. O vento estava alinhado e estávamos na perna do vento. Observamos o ATR da TRIP decolar e logo chamamos no través da 13:
– Torre, o BTW está no través da 13.
– BTW, para sua informação, temos um tráfego que acabou de decolar, outro entrando na curta final e mais dois tráfegos que estimam Londrina em 5 minutos. Efetue um 360 pela direita, reporte reingressando na perna do vento.
– Ciente dos tráfegos, efetuando o 360 pela direita e reportará reingressando na perna do vento da 13 o BTW.
Que maravilha. Tudo para começar bem o dia. Olhei pra cara do instrutor e ele disse:
– Pois é rapaz, esse horário é tenso.
– Estou percebendo.
Bom, não tinha outro jeito, tínhamos que esperar. Começamos um longo 360, efetuado com curva de pequena inclinação. Depois de 2 minutos, reingressamos na perna do vento. Avisamos a torre e ela nos pediu um novo 360. E lá fomos nós para o 2o, ainda mais demorado. Reingressamos e pela terceira vez a torre nos pediu o 360. Começamos a efetuar o 360 e atingindo 180, meu instrutor entrou na fonia:
– Torre, autoriza o BTW a entrar na base e efetuar um tráfego curto?
– Afirmativo, BTW. Reporte na final.
– Reportará na final, BTW.
Conseguimos um espaço para fazer um tráfego curto. Agilizei e partimos para o primeiro toque do dia. Estava apreensivo, não queria fazer um pouso brusco, o vento estava ajudando e estava bem tranquilo. Fui me aproximando e mantendo a velocidade e o eixo. Chegando, chegando, chegando… Tocou. Quem diria que o primeiro toque do dia seria um pouso manteiga, leve, macio. Este pouso já tinha me valido o dia. Foi o pouso mais suave que fiz até então. O Thomé me elogiou e partimos para o circuito novamente. Chegando no través, novo 360 por conta do GOL na final.
Na segunda-feira começaram as obras no aeroporto de Londrina, e hoje estavam mexendo na taxiway E entre as saídas D e C. Normalmente as aeronaves de companhia livram pela D após o backtrack. Porém, por conta das obras hoje, eles tinham que livrar pela C. A taxiway C fica praticamente na metade da pista, o que levava um bom tempo de taxi até lá.
Terminamos o 360 e esticamos um pouco a perna do vento esperando pelo taxi do GOL. Para não irmos muito longe, realizamos a perna do vento fazendo um CAP mantendo 2900 FT e 70 MPH. A torre nos autorizou girar base e entrar na final. Prossegui para o segundo TGL do dia. Já estávamos com 30min de voo e somente 2 toques.
Eu estava torcendo para que as coisas melhorassem, afinal, eu estaria fazendo duas horas de voo e não queria que elas fossem gastas realizando 360. Lá fui eu para o segundo toque. E mais um toque suave. Eu estava pegando o jeito da coisa. Os pousos estavam ficando cada vez melhores. E a cada pouso suave, eu me animava ainda mais para os próximos. E os toques suaves permaneceram até o décimo pouso do dia.
Nesse meio tempo, fizemos o circuito padrão pela esquerda, depois em alguns momentos realizamos o circuito pela direita, a fim de evitar outros tráfegos vindos da área de instrução, efetuamos CAPs para aguardar algumas decolagens e lá pelo décimo pouso, começamos a treinar emergências.
Simulamos diversas emergências, tanto após a decolagem, quanto no través da cabeceira, quanto na final, e após livrar a pista. De todas essas simulações, apenas duas tiveram um pouso normal, e as outras foram suaves. A primeira foi uma que no momento do toque pegamos um vento básico do través, onde quando tocamos o solo, fomos atingidos e com a potência que apliquei o avião flutuou um pouco mais e fez um pouso mais forte que os demais, mas dentro dos padrões. E o segundo foi o pouso na emergência após a decolagem, onde logo que tirei o avião da pista, o Thomé retirou a potência e falou: PANE!
Como não estava com uma boa velocidade ainda, piquei o avião para pelo menos manter a atual e no momento do toque ele acabou afundando um pouco e realizando um pouso normal novamente, não brusco. Depois de 14 pousos e 2h de voo, prosseguimos para pouso final. Eu tinha que terminar o dia com chave de ouro. Um pouso suave era mais que merecido.
Desta vez, não tínhamos nenhum tráfego para atrapalhar o circuito e o vento estava alinhado novamente. Efetuamos todos os checks e prosseguimos para pouso. Mas, como nem tudo é perfeito, na final fui atingido por um vento de través. A fim de corrigir o desvio provocado pelo vento, apliquei o pedal para o lado do vento e vim no melhor estilo caranguejando para pouso.
Pouco antes do toque, desfiz o pedal e toquei suave na cabeceira 13. Deixei o avião correr até a C e livramos por lá depois de autorizados pela torre. Fiz os checks pós-pouso e ingressamos na taxi E até o pátio principal. Chegando lá, a torre pediu para informar livrando:
– Torre Londrina, BTW livrando o pátio principal.
– Ciente, BTW frequência livre até o corte do motor.
– Ciente, bom dia e bom trabalho.
– Grato.
E assim partimos para o pátio do aeroclube. Estacionei a aeronave e efetuamos o corte. Corremos para fazer o debriefing, pois o Thomé tinha um voo em sequência e não podia perder tempo. Conversamos sobre o voo em poucas palavras. Tudo o que devia ser dito já tinha sido dito durante o voo, restando apenas os lembretes e algumas recomendações adicionais.
Ainda em nosso debriefing ele me elogiou com algo que fiquei muito feliz por escutar. Disse que se pudesse já me soltava solo ali mesmo, pois tudo estava correto e todos os procedimentos executados dentro dos padrões e com segurança.
Perguntei se não tinha essa possibilidade e infelizmente não tinha. Para realizar o voo solo, terei que fazer mais 2h de TGL e um pequeno voo de check, a fim de demonstrar que estou realmente apto para o voo solo. Ele ainda me lembrou que o vento hoje estava forte, e que se com ele forte eu estava pousando bem, com vento calmo seria muito melhor e mais fácil.
Agradeci pelos elogios e me despedi dele rumo à sala de instrução para aguardar o horário da minha van com a sensação de missão cumprida. Duas horas a menos para checar meu PP. Duas horas mais próximas do meu grande sonho.
E ainda por cima, com uma aula superior aos padrões. Posso afirmar com toda a certeza do mundo que ser piloto é o que eu quero, não há dúvidas quanto a isso. Minha próxima aula deve acontecer ainda nesta semana, creio que sexta e durante o fim de semana. Espero conseguir realizar as horas todas a fim de solar no fim de semana, o que seria muito gratificante pra mim. Bom, enquanto isso não acontece, fico no aguardo de mais um voo. Assim que ele sair, relato a vocês de novo por aqui ;)
Este foi mais um relato sobre meu dia-a-dia no aeroclube. Estão gostando? Deixem os comentários abaixo ;) Em breve vou enriquecer os posts com algumas fotos que fiz nos últimos dias que estive por lá.
Futuro Piloto
Fábio Miguel