Na aviação comercial de linha aérea, tal como a conhecemos atualmente, é inegável a presença predominante de aeronaves a jato. Em um mercado onde os motores a pistão caíram quase em desuso, e os turboélices prevalecem somente em curtas rotas regionais, motores como os turbofan impulsionam aeronaves operando desde voos domésticos até mesmo as mais longas rotas intercontinentais. O início da era dos jatos trouxe uma grande revolução ao mercado das companhias aéreas, à medida que proporcionava viagens mais longas, voos de menor duração, além de maior conforto e silêncio para os passageiros.
Como acontece em toda revolução, sempre há um precursor. E no caso da era dos jatos, a primeira aeronave a transportar passageiros dessa forma foi o De Havilland Comet. Fabricado pela britânica De Havilland Aircraft, ele foi utilizado primeiramente pela também inglesa British Overseas Airways Corporation (BOAC), em 1952. Seus quatro motores De Havilland Ghost, de 5.000 libras de empuxo cada, eram elegantemente embutidos às suas asas, conferindo ao Comet um design arrojado, mesmo para os dias atuais.
Assim como todo produto que é lançado em sua primeira versão, o Comet também levantou problemas que até então eram impensáveis. À época, pouco se sabia sobre pressurização ou fadiga de materiais, especialmente em condições tão extremas quanto as em que operava o De Havilland Comet. Por conta disso, três aeronaves chegaram a se despedaçar em pleno ar, comprometendo severamente a imagem da aeronave. A causa, inimaginável até então, era a baixa resistência da estrutura da aeronave aos diferenciais de pressão a que era submetida. Descobriu-se, também, que o design quadrado de suas janelas contribuía para que ocorressem tais fadigas, bastando uma simples e pequena rachadura para que a cabine se partisse por completo. Por esse motivo, até os dias de hoje as aeronaves de linha aérea possuem janelas ovais, visando suavizar os efeitos da fadiga estrutural.
Mesmo desenvolvendo novas versões como o Comet 2 e o Comet 3, a De Havilland Aircraft jamais conseguiu restabelecer as vendas de sua nova aeronave. Mesmo assim, o De Havilland Comet foi de extrema importância para a aviação comercial, à medida em que as lições aprendidas com seu projeto pautaram o desenvolvimento de todas as aeronaves a jato subsequentes a ele. Muito do que se aprendeu com o De Havilland Comet – no que diz respeito a pressurização, fadiga de materiais e aerodinâmica de alta velocidade, por exemplo – é utilizado até hoje no desenvolvimento de novas aeronaves a jato.
- Como Escolher Onde Voar - 26/09/2017
- Peruvian International Airways | HCA 154 - 27/07/2017
- Aeronaves Históricas: Fokker F27 - 26/05/2017