O Professor Franco G. Rovedo é antes de tudo um apaixonado por aviação. Piloto esportivo, paraquedista, graduado e pós-graduado em Ciências Aeronáuticas pela UTP em Curitiba-PR, atua como administrador e empresário há mais de 30 anos. Escreve para revistas e jornais, sempre usando a administração e aviação em paralelo com assuntos do cotidiano. A partir de hoje começa a sua coluna semanal no Canal Piloto, indo ao ar todos os Domingos.
Facebook.com/franco.rovedo – franco.rovedo@gmail.com
Missão: escrever sobre aviação.
Fácil para quem é apaixonado pelo assunto. Impossível para quem está cercado de ases da escrita como estou agora. O frio na barriga é inevitável!
Mas meu lema sempre foi: o difícil é fácil, o impossível demora um pouco. Então, as matérias e artigos acontecerão, nem que seja na marra ou que demorem mais do que eu gostaria.
Minha inspiração para começar a escrever também veio dos esportes aéreos que pratiquei. Aviação esportiva, parapente e paraquedismo, principalmente este último. Pensei comigo mesmo: quem salta de um avião a 200 km por hora em queda livre, não teria problemas em organizar um punhado de letras em uma sequência interessante. Ledo engano…
No paraquedismo só temos uma direção a tomar: para baixo. Na escrita as opções são infinitas e as chances de uma pane são muito maiores.
ELOY, Arizona – EUA, durante os treinamentos para o recorde brasileiro de maior FQL
Formação em Queda Livre – conquistado em abril de 2011. Foto by Prince.
Este voo é arriscado e cheio de truques, e frases mal colocadas poderão causar acidentes mais frequentes que no ar. Menos mal no caso de uma aterrissagem forçada, pois os passageiros simplesmente desembarcam do texto em um clique ou virada de página, enquanto o piloto-escritor permanece apenas com o orgulho ferido.
A decolagem é o mais difícil. Escolher o tema e começar bem é essencial. Nesta fase o piloto-escritor pode errar a pista e o perigo da pane nesta fase é o que assusta. Começar um texto de forma desastrada é bastante semelhante a decolar com o vento de cauda. Parece que não vamos sair do chão nunca e o fim da pista vai chegando. Sabemos que fizemos bobagem quando nosso parágrafo de introdução parece terminar quase junto com a aterrissagem.
Fica aqui registrado meu compromisso que, dependendo do copiloto que eu conseguir, vou tentar não “varar a cabeceira” ou fazer acrobacias a baixa altura. Os textos serão sucintos e estarei sempre atento às instruções da torre. Navegar é dissertar sobre as variações dos temas da aeronáutica. Aí é tão fácil como em uma aeronave. Basta escolher o destino e voar. São poucos obstáculos, e a liberdade, a grande sensação de ambas as tarefas. As fotos serão as visões de muitos companheiros que vão dividir conosco a beleza da aviação.
Na minha carta de navegação já estão plotados pontos sobre aviação geral, comercial, esportes aéreos, curiosidades e tantos outros assuntos que fazem a alegria dos acometidos pelo vírus conhecido por “aerococus”. A viagem não será apenas para pilotos e aeronautas experientes. Em vários momentos, quero passar o comando para o leitor leigo e desmistificar os jargões e mitos do nosso meio. Quanto mais apaixonados, melhor para o setor aéreo.
P-38 Lockheed Lightning de reconhecimento do piloto-escritor Antoine Saint-Exupéry.
Escreveu o livro “O pequeno príncipe”, entre outros.
Falando nisso, a história da aviação ainda possui grandes mistérios a serem desvendados. Agora, com a internet e a interação de outros entusiastas, talvez possamos resolver alguns. Quem sabe? Entre um ponto e outro da rota, voando nivelado, pretendo filosofar sobre a aviação e sua interação com outros assuntos. Afinal há pouca coisa para fazer neste período. Nós pilotos sabemos bem uma das definições de voar profissionalmente: “um longo momento de tédio cercado por dois breves momentos de terror.”
E já que mencionei o segundo momento de terror, lembro que vai chegando a hora do pouso. O fim do artigo. Embora o leigo pense ser o mais perigoso, quero esclarecer que o pior já passou… Começar a escrever foi bem mais difícil. Trem de pouso embaixo e travado, poucas linhas pela frente e a ansiedade de saber a opinião dos nossos passageiros e copilotos. Pode ser um pouso “duro” ou “manteiga”, mas estamos no chão.
Pronto! Meu primeiro voo solo. Depois do tradicional banho de batismo, tenho pela frente milhares de horas de palavras ilustradas por belas fotos e diagramas. Viagens por países, épocas e momentos que pretendo tornar inesquecíveis para todos passageiros e parceiros nesta missão.
A ideia é um voo em formação. Lado a lado. Asa com asa. Para essa demonstração, espero contar com a companhia dos melhores aviadores que um escritor possa contar: os leitores.
Ao encerrar o texto, pousamos a aeronave.
Momento conflitante, pois nem cheguei a digitar o ponto final e já quero voltar a voar.
Até breve!
Franco Rovedo
franco.rovedo@gmail.com
- Voando de São Paulo ao Sul de anfíbio - 02/02/2024
- A automação acabará com os pilotos? - 02/09/2022
- Pilotos podem ter tatuagens? - 11/08/2022