Bioquerosene

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Notícias freqüentes informam sobre os resultados financeiros negativos das empresas aéreas, apesar das soluções inovadoras, dos avanços tecnológicos e das estratégias econômicas que muitas adotaram nas últimas décadas.

Taneja (2003) afirma que a margem acumulada do lucro líquido da indústria de transporte aéreo mundial foi inferior a 1%, desde seu início em 1947 até 2000.

As companhias aéreas creditam parte das perdas sofridas ao combustível. Perdas que, em muitos casos, comprometeram a sobrevivência de empresas que dispunham de capitais escassos e dívidas elevadas, pois de acordo com a Associação Brasileira de

Empresas Aéreas (Abear), o combustível de aviação representa, atualmente, cerca de 43% do custo das passagens aéreas.
Isso, somado à preocupação com o desenvolvimento sustentável, contribuiu para a realização do primeiro voo comercial, no Brasil, com biocombustível.

Diferentemente da gasolina e de outros produtos derivados do petróleo, extraídos de fonte fóssil, os biocombustíveis são obtidos de materiais orgânicos. Menos poluentes, os biocombustíveis se apresentam ainda como uma alternativa ecológica, por serem derivados de fontes renováveis de energia, como cana de açúcar, pinhão manso, camelina, óleo de cozinha usado, macaúba, algas, babaçu e sebo.

O biocombustível mais conhecido no Brasil é o etanol, que é extraído da cana-de-açúcar e utilizado para abastecer carros a álcool e híbridos. Em menor escala, o biodiesel gerado a partir de plantas oleaginosas – como o girassol, soja e mamona – também vem sendo produzido no país.

A decolagem do 737-800 da companhia Gol Linhas Aéreas, abastecido com 25% de bioquerosene, obtido a partir do bagaço da cana de açúcar e óleos residuais, se deu na tarde do dia 23 de outubro de 2013, do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para o Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, no Distrito Federal.

Realizado na data em que se comemora o Dia do Aviador, esse foi considerado o primeiro voo comercial com o uso de bioquerosene, pois as companhias aéreas TAM, Azul e a própria GOL – durante a Rio+20 – haviam realizado apenas voos experimentais, sem passageiros, com essa nova tecnologia.

Os resultados desse voo de 1.176 km demonstraram que a utilização do combustível renovável pode reduzir em até 80% a emissão de gases de efeito estufa. A expectativa da Gol Linhas Aéreas é disponibilizar cerca de 200 rotas, com essa tecnologia, durante a Copa do Mundo em 2014.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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