Dúvida – Checando PC-MLTE/IFR no Brasil, posso trabalhar no exterior?

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Seguindo com nossa série sobre dúvidas quanto à formação aeronáutica, vamos responder à pergunta de hoje:

Dúvida

Olá

Me chamo Rafael e minha dúvida é a seguinte.

Chequei em fevereiro deste ano PC / MULTI / IFR, sou formado em Ciências Aeronáuticas, tenho ICAO, Jet Training, PLA teórico, igual a centenas de pilotos Brasil a fora recém formados.

Nossa economia não anda bem, Taxi Aéreo sem vaga, aeroclubes lotados de INVA na fila para dar instrução, e apenas a Azul chamando para seleção, apesar de que as contratações desse ano não foram suficientes para aquecer o mercado, nem previsão para um futuro próximo que isso aconteça.

Eu chego num momento de meses procurando emprego e paro para me perguntar, o que então eu vou fazer da minha vida? Para que serviu minha faculdade, que mesmo formado não se encontra vaga em nenhuma empresa, mesmo em terra? Você manda currículo e de 500, 3 respondem dizendo que a quantidade de horas não é suficiente, mas eu preciso voar em algum lugar para continuar aprendendo e assim evoluindo na carreira.

Pensei várias vezes em sair da aviação, pelo menos por um tempo, já que a nossa carreira vive de ciclos, altos e baixos, pouco tempo atrás estava ótimo, dizia na TV que faltava piloto e que ia faltar nos próximos anos, não concordava, mas tudo bem. E muitos que entraram na linha a pouco tempo atrás, foram mandados embora, inflacionando o mercado, resumindo, sobra piloto pelo Brasil e a concorrência está grande.

Para chegar no ponto X da questão, eu resolvi não abandonar a aviação, até porque não me vejo fazendo outra coisa, o que eu pensei foi, vou aguardar até fevereiro, que somaria um ano tentando um emprego e além disso minha carteira vai vencer, acho que é tempo suficiente num país procurando uma oportunidade, mas eu preciso viver e me sustentar também né. Foi ai que eu comecei a pensar na seguinte questão.

– Posso voar com as minhas carteiras e formações em outros países?

– Como seria isso?

– Tem países que é ICAO, que no caso minha formação é valida. Mas quais países seriam esses?

– É muito arriscado?

– Costumam aceitar pilotos nessa formação para voar no exterior? (Particular, taxi Aéreo “Não estou incluindo linha aérea”)?

– Teria que fazer uma prova de voo, como o cheque que fazemos aqui, mas no país de interesse para permitir voar?

– Exame médico também, como o CMA?

Quero voar fora, tentar minha vida de PC em outro país e não ficar esperando cair do céu.

Bom, é isso.

Aguardo a resposta se vocês puderem me ajudar.

Grande abraço

Rafael

Nossa resposta

Rafael,

Sempre tenho escrito nos meus posts sobre esse problema da aviação. Muitos acham que se trata de um mundo de glamour, mas na verdade é uma profissão com muitos altos e baixos. A história da aviação mostra isso. Digo que esse mundo é pra quem realmente o ama e queira seguir nessa profissão por amor, como escrevi neste post.

Respondendo à sua pergunta, com a carteira brasileira você pode trabalhar em algumas empresas no exterior, onde a própria empresa paga e cuida de todo o processo de convalidação da sua licença, inclusive do CMA. Esse processo seria composto por parte teórica e parte prática, incluindo também um voo de cheque e algumas horas de voo a mais. Um exemplo de como fazer a convalidação da licença brasileira para a licença FAA está neste post.

A grande maioria das empresas aéreas que contratam pilotos estrangeiros pedem, no mínimo, uma experiência de 1.000 horas, mais a habilitação PC/MLTE-IFR e o ICAO 4. Companhias aéreas no Oriente Médio e Asia também pedem a carteira de Boeing 737 ou Airbus A320, além de experiência recente nesses equipamentos.

Uma alternativa para você seria buscar a colocação na Azul Linhas Aéreas, que tem uma busca maior por pilotos recém checados, e que possuam o ICAO 4. Outra seria uma colocação na aviação executiva, mas esse é um caminho onde é necessário conhecer alguém para lhe colocar dentro desse mundo muito seleto.

Existe uma empresa chamada TROPIC AIR, que oferece um programa de treinamento em aeronaves a reação, o Tropic Air Pilot Program, onde é exigido que o aluno tenha uma experiência de no mínimo 200 horas de voo e ICAO 4.

Gostaria que você, antes de qualquer coisa, lesse este post escrito pelo João Carlos Medau, que é comandante na Avianca Brasil.

Para maiores informações sobre o mercado de trabalho no exterior, recomendo os seguintes sites:

Atenciosamente,

Rodrigo Satoshi

INVA – Instrutor de Voo de Avião

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Rodrigo Satoshi
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