Seguindo com nossa série sobre dúvidas quanto à formação aeronáutica, vamos responder à pergunta de hoje:
Dúvida
O.L.A,
O Canal Piloto tem sido uma grande ajuda em minha preparação para me tornar piloto. Uma coisa que reparei é que as companhias aéreas exigem o “Tipo” na CHT que o futuro comandante tem. Eu entendi mais ou menos pelo que já li até agora o seguinte, exemplo:
1- Eu me formei PC/MLTE/IFR, INVA, ICAO 4, Jet Treiner. Tudo por minha conta estudei paguei, consegui horas de voo, ai eu envio meu currículo pra um milhão de empresas de Linha aérea, sou chamado para participar das seleções, consigo passar, sou contratado e vou ser treinado. Aquela empresa vai me dar o treinamento pra que eu pilote o tipo de avião que ela possui, ATR, B737, A320, B777, etc… ai eu vou ter uma carteira TIPO, mas porque a empresa me “deu”.
Minha pergunta é…
Tem como eu conseguir a carteira TIPO por conta própria ou somente as companhias podem te dar esse treinamento? E se eu puder como é feito esse tipo de aprendizagem? Como é feito o Check, quero dizer, é tudo por simulador ou eu tenho que pagar a hora de voo de um Airbus pra fazer meu check?
Raphael Nogueira
Nossa resposta
Rafael,
Para responder à sua pergunta, fui conversar com o piloto-chefe da Avianca Brasil. A resposta dele foi a seguinte:
“Para ter um CHT de tipo, o piloto deve receber o treinamento previsto no RBAC 61 – Subparte K ou passar pelo programa de treinamento, aprovado pela ANAC, de uma empresa 135 (táxi aéreo) ou 121 (linha aérea). Outra forma é fazer um curso num centro de treinamento regido pelo RBAC 142 (que é o caso da CAE, por exemplo).
Dependendo de qual desses caminhos o piloto segue, os requisitos variam um pouco, mas via de regra, o curso é composto de currículo de solo (ground school) e currículo de voo (simulador e/ou rota), dependendo do programa.
Para ter um CHT de tipo “RBAC 61” (ou seja, que não serve para voar em empresa aérea, nem táxi aéreo), o piloto pode fazer o treinamento e cheque em voo (sem simulador), ou tudo em simulador, caso este seja nível D. Se for nível C, tem que ser feito um cheque complementar em voo, conforme a RBAC 61.213(a)(3)(ii).
Então, no caso citado pelo leitor, de um curso de Airbus, ele pode ir até um centro de treinamento aprovado pela ANAC e fazer o curso todo lá, incluindo o cheque. Ele vai receber um CHT daquele equipamento e, com ele, poderá voar naquele tipo de avião, mas apenas em voos regidos pelo RBHA 91. Não pode usar aquele CHT para voar segundo o RBAC 121. Para isso ser possível, ele terá que passar pelo programa de treinamento da empresa onde for trabalhar.
No Brasil, existem dois centros de treinamentos: a CAE e o Sim Industries, que atende a Gol em Diadema. O primeiro oferece cursos homologados.
O preço dos cursos varia muito, mas são caros. Do A320, por exemplo, custa pelo menos 10 mil dólares por piloto. É preciso informar-se com o centro de treinamento para saber o preço exato, pois este varia um pouco em função da época: quando a procura pelo simulador aumenta, o preço também aumenta.”
Muitas empresas estrangeiras pedem, além das carteiras, o chamado TYPE RATING do equipamento como requisito obrigatório. Ainda segundo o piloto-chefe da Avianca Brasil:
“Type Rating e carteira de tipo são a mesma coisa, então, quando você faz o treinamento, terá o type rating exigido pelas empresas. O problema é que, na maioria dos casos, além do type rating, as empresas exigem 500 horas de experiência naquele tipo de avião.”
Lembrando que o RBAC 61, na subparte sobre habilitação tipo, provavelmente irá sofrer alterações após 21/09/2014, onde será obrigatório um maior número de horas de voo, ou treinamento em simulador do avião.
Saiba mais:
Atenciosamente,
INVA – Instrutor de Voo de Avião
O leitor de hoje enviou sua dúvida através do nosso e-mail. Você pode fazer o mesmo, caso não encontre a resposta nas perguntas já respondidas.
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