Entrou em Parafuso? Simplesmente PARE

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Quando falamos em segurança de voo, um dos assuntos mais básicos que podemos abordar é a recuperação de parafusos. Nem sempre ele é acidental – afinal, temos os parafusos comandados na aviação acrobática – mas dominar suas técnicas de recuperação é essencial para um total controle do seu voo. E entender as causas que podem levar a um parafuso é particularmente importante em fases críticas como o pouso ou a decolagem, onde a baixa altura deixa pouca margem para uma eventual recuperação.

O assunto está longe de ser recente. Em 1936, a NASA já estudava as manobras de recuperação, e nas décadas de 1970 e 1980, dedicou inúmeros esforços de pesquisa especificamente aos parafusos. Desses estudos, surgiu o acrônimo PARE, sintetizando os principais passos da recuperação de parafuso. Mas antes de entendermos o PARE, que tal revisarmos um pouco o conceito do próprio parafuso?


Entendendo o parafuso

Assim como em qualquer situação de estol, durante o parafuso, as asas da aeronave não produzem sustentação suficiente para manter o voo nivelado. A diferença desta situação em particular é que, no parafuso, uma asa entra em estol antes da outra. Isso pode acontecer, por exemplo, se o piloto acentuar uma curva em baixa velocidade. Com isso, a asa do lado de dentro da curva atinge muito mais rapidamente o seu ângulo crítico – até mesmo porque, durante uma curva, temos a elevação da velocidade de estol.


Aplicando o PARE

É bem verdade que o acrônimo faz muito mais sentido para nós, falantes das línguas latinas. Entretanto, é importante lembrar que ele nasceu em um país de língua inglesa – e portanto, cada letra tem um significado naquele idioma. O PARE resume a sequência de ações da recuperação de parafuso da seguinte forma:

  • Power – Set to Idle (reduzir toda a potência)
  • Ailerons – Set Neutral (neutralizar os ailerons, buscando nivelar as asas)
  • Rudder – Set to opposite spin direction (aplicar pedais totalmente na direção oposta ao parafuso)
  • Elevators – Set Forward (Profundores à frente)

Há instrutores que citam ser necessário neutralizar os profundores, ou mesmo aplicá-los um pouco atrás, no caso de um parafuso invertido. Tão logo cesse a rotação do parafuso, centralizam-se os pedais de leme, e cede-se o nariz para a recuperação de velocidade, eventualmente aplicando a potência mais uma vez para restabelecer o voo nivelado.


O acrônimo PARE tem ajudado inúmeros pilotos a dominar a recuperação de parafuso. Mesmo assim, não basta saber apenas a teoria: é importante buscar também um treinamento prático adequado, com instrutores habilitados a ensinar essa manobra, em aeronaves devidamente homologadas para tal, respeitando-se os parâmetros de segurança e os limites operacionais de sua aeronave.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=vETMS-QI_8I]

Luiz Cláudio Ribeirinho
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