Os pilotos que nasceram na década de 1990 talvez desconheçam este fato, mas nem só de Top Gun viveu a propaganda aeronáutica americana nos anos 1980. Lançado no Brasil em 7 de Março de 1986 – quatro meses antes do blockbuster que revelou Tom Cruise ao mundo – o bem-sucedido filme “Águia de Aço” (“Iron Eagle”, no título original) foi mais um ícone cinematográfico de sua época, além de ser outra tentativa americana de vender ao mundo sua suposta superioridade aérea, em tempos onde, fora das telas, o presidente americano Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev lidavam com a delicada questão da Guerra Fria.
O filme conta a história de Doug Masters, um jovem piloto estudante que sonha em entrar para a Força Aérea Americana. Filho do Coronel Ted Masters, Doug vê sua família entrar em desespero quando recebe a notícia de que seu pai foi capturado durante uma missão no Oriente Médio. Por conta das possíveis represálias políticas em virtude de irregularidades da missão, o governo americano mostra-se relutante em levar adiante a missão de resgate. O impasse torna-se cada vez mais burocrático, indicando que, até que se tomasse efetivamente uma providência, o Coronel Ted Masters já estaria morto.
Recusando-se a abandonar o pai nas mãos dos inimigos, Doug recorre ao Coronel Charles “Chappy” Sinclair, amigo de seu pai, com uma arriscada proposta: tomar dois caças F-16 “emprestados” em uma suposta missão de treinamento, e partir em uma missão de resgate clandestina. Ainda que temeroso quanto aos riscos da missão, Chappy, interpretado pelo vencedor do Oscar Louis Gosset Jr., aceita submeter o garoto a um treinamento relâmpago sobre como pilotar o complexo F-16. Terá, no entanto, que lidar com um curioso desafio: ainda que habilidoso, Doug só consegue pilotar escutando seus clássicos do rock favoritos, algo totalmente incondizente com os rígidos padrões militares.
Com clássicos de Queen, Eric Martin e Tina Turner na trilha sonora, além do tema homônimo gravado pela banda King Kobra, “Águia de Aço” é um filme divertido e com boas cenas de ação, voltado ao público adolescente de sua época, onde o enfoque nos conflitos de gerações consegue atenuar a propaganda militar implícita. Não espere, no entanto, um filme livre dos típicos nacionalismos americanos.
No vídeo abaixo, você confere uma das sequências do filme, onde Doug mostra o que é capaz de fazer atrás dos comandos do F-16 – desde que, é claro, acompanhado da trilha sonora certa:
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