Formação de Planador – A operação: Parte 02

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Olá!

Eu sou o Carlos Eduardo Damasceno, e essa é a coluna sobre Formação de Planador, aqui no Canal Piloto.

Na semana passada falamos sobre a primeira etapa de nossa operação até a chegada na cabeceira da pista em uso. Vamos agora concluir a segunda etapa da operação.

Após o translado do planador à cabeceira, estacionamos-o paralelo em 45° em relação à pista, já com a asa abaixada na direção dela. Destravamos os comandos, e reiniciamos o check-list externo. O primeiro piloto do dia entra na aeronave e faz o check-list interno, já estando pronto para o voo. Nesse ponto, o rebocador já está acionado e próximo do ponto de espera.

Enquanto alguns fazem os check-lists, outros já vão montando a barraca, e preparam a parte de anotação da operação (planilhas de horários e pilotos que deverão voar). Logo, nosso rebocador chega ao ponto de espera.

Aqui há uma particularidade importante: Se os pilotos estiverem prontos ele já solicita autorização para decolagem com planador, caso contrário, ele estaciona próximo ao planador, corta o motor e aguarda a preparação do voo, economizando combustível, além de evitar possíveis incidentes.

Para a decolagem, o cabo de reboque é conectado ao planador. Assim que o rebocador ingressa na pista, uma pessoa conecta a outra ponta do cabo nele, e já corre para o seu campo de visão, para que possa fazer as sinalizações.

As sinalizações não são muito complicadas, por isso vou explicar o que acontece para podermos operar a aeronave.

Vamos começar pelo planador. É necessário pelo menos uma pessoa, que fica na asa. Caso houver mais gente para auxiliar, eles ajudam a empurrar pelo bordo de fuga da asa. A sinalização é feita pelo corredor de asa (nome da pessoa que fica na asa). Com a asa contrária à pista em suas mãos, ele fica agachado, enquanto o rebocador vai andando devagar, para esticar a corda. Quando ela se estica, os pilotos dão um “ok” para dizer que estão prontos e assim, o corredor de asa começa a nivelá-las. Com esse último processo, o sinalizador do rebocador entende que está tudo pronto. Após isso, a pessoa da asa só deve correr junto com ela até que haja sustentação suficiente para ser movimentada pelo piloto do planador.

Foto 01 – sinalizações de rebocador e planador para a decolagem.
Fonte: WIDMER, João Alexandre. O voo a vela (pág. 54). Editora Asa.

Vamos agora  ao rebocador. Após entrar no campo de visão dele, fora da pista, o sinalizador vai andando e levantando repetidas vezes com a palma da mão para cima, o que significa que ele deve andar devagar, para a corda esticar. Com a corda esticada, o movimento com as mãos para, e coloca-se as palmas para baixo. Assim que as asas do planador ficarem niveladas, o sinalizador deve girar a mão em um movimento parecido com o de uma hélice, significando que ele já pode decolar. Porém, como o planador está fora da pista, para evitar que ele bata no degrau que há entra a grama e o asfalto, ele dá um pouco de motor até que ele ingresse na pista. Nesse momento, gira-se a mão mais rápido para que ele possa aplicar toda a força no motor.

Depois que o planador se desliga no ar, o rebocador vem para o pouso e solta a corda na cabeceira da pista, onde duas pessoas devem ir buscá-la.

Após o pouso do planador, os pilotos descem dele, e colocam-o na área lateral. Os comandos devem ser travados e os freios aerodinâmicos destravados. Novamente, vai uma pessoa na “tobata”, uma na asa e a outra no nariz ou bordo de fuga (de preferência no nariz, para evitar colisões com cupinzeiros e/ou pedras). Assim que eles chegam à cabeceira, o ciclo recomeça.

Depois de realizar todos os voos do dia ou a operação ser cancelada por aviso de aeródromo, algum incidente ou outros motivos que o chefe de pista junto de todos julgarem necessário cancelar, retornamos ao hangar no mesmo procedimento seguido do translado à cabeceira. Isso também pode ser feito se durante o dia o vento mudar e a pista em uso também.

Chegando no hangar, realizamos o check-list para a hangaragem do planador, guardamos-o e vamos para o debriefing.

O debriefing é apenas um resumo do que aconteceu no dia, como foi a operação, recomendações para as instruções práticas, solicitações de possíveis manutenções, além de relatos de incidentes em geral.

Depois que tudo isso for feito, devemos assinar o diário de bordo do planador e do respectivo rebocador, além das notificações de voo que são preenchidas, assinadas e entregues na sala AIS pelo piloto que realizou os reboques no dia.

Agora, provavelmente depois de cerca de 8-10 horas na operação podemos ir para casa descansar.

Espero que tenham gostado e aprendido com explicação em geral. Qualquer dúvida poste um comentário ou acesse meu blog

Um abraço e muito obrigado;

Carlos Eduardo Damasceno

Renato Cobel
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