História das Companhias Aéreas – Capítulo 14

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Capítulo 14

A primeira companhia aérea a nascer em terras sulamericanas surgiu como uma esperança à economia de um país que, devido à sua geografia, enfrentava desvantagens no cenário econômico mundial. A Colômbia, com seu relevo acidentado e montanhoso, dependia fortemente do trabalho de carga em mulas para as suas necessidades de transporte.

Empolgado com os novos inventos franceses que começavam a deslumbrar o mundo, o empresário Guillermo Echavarría Misas dispôs-se a mudar esse cenário. Reunindo um grupo de amigos e empresários, entre eles seu próprio pai, fundou em 16 de setembro de 1919 a Compañía Colombiana de Navegación Aérea (CCNA). Munido de um catálogo das empresas Farman, com o qual tomou conhecimento da recém-nascida aviação, Guillermo solicitou aeronaves, pilotos e mecânicos à companhia francesa. Recebeu duas aeronaves Farman F.40, além dos pilotos Jacques Jourdanet e René Bazin, e dos mecânicos George Goupil e Eugène Georges.

Tão logo estes desembarcaram no porto de Barranquilla, trataram de juntar-se a seu novo contratante na busca de um local apropriado para a construção de um aeródromo. Escolheram a cidade de Cartagena, onde um terreno arrendado pela empresa permitiria a construção de um hangar, com dimensões adequadas a seus trabalhos. Lá seriam montadas as aeronaves já recebidas, além de outras já encomendadas. Entre estas, esperava-se receber o bem sucedido Farman F.60 Goliath.

As primeiras operações atraíram bastante atenção da população e da mídia. As aeronaves Farman F.40 transportavam dois passageiros por vez, além de malotes de correio, através de rotas que inicialmente ligavam as cidades de Cartagena e Barranquilla. Posteriormente, incluíram em seus destinos a cidade de Santa Marta. Em todas essas cidades, localizadas na costa colombiana, a CCNA já havia construído suas bases de operações. Futuramente, com a chegada do Farman F.60 Goliath, pretendiam iniciar voos com destino a Bogotá.

À medida que conduziam seus trabalhos de reconhecimento e se familiarizavam com a geografia local, os pilotos e mecânicos franceses começaram a se dar conta de que as aeronaves F.40, inicialmente indicadas pelo fabricante, não eram a melhor opção para as necessidades colombianas. Avaliaram que hidroplanos seriam uma melhor escolha: além de encontrarem numerosos rios nas regiões que sobrevoavam, os pilotos deram-se conta de que as mais importantes cidades desenvolviam-se às margens do Rio Magdalena. De acordo com a avaliação de René Bazin, aeronaves como o Breguet 14 seriam mais adequadas, graças a sua estrutura metálica, flutuadores de duralumínio e motor de 300hp.

Após um acidente que vitimou o piloto Jacques Jourdanet e abalou a imagem da companhia, a segurança das frágeis aeronaves Farman, feitas de tela e madeira, passou a ser questionada. Ao invés de substituir suas aeronaves por hidroplanos mais robustos, a empresa optou por instalar flutuadores em uma das aeronaves que já integravam sua pequena frota. A aeronave Farman F.60 Goliath, encomendada no início das operações da CCNA, foi entregue com considerável atraso, quando concorrentes já despontavam em terras colombianas, operando aeronaves mais modernas. Como se não bastasse, o F.60 Goliath entregue pertencia a um lote cujos motores apresentavam defeito de fabricação, o que obrigou a CCNA a suspender seus voos por um bom tempo.

Em um cenário desfavorável de falhas de gestão, falta de conhecimento sobre aparelhos mais adequados ao transporte em grandes distâncias, e desvantagem em relação a uma concorrência melhor aparelhada, a Compañía Colombiana de Navegación Aérea encerrou suas atividades após breves três anos de existência. Mesmo assim, operou 176 voos, consolidando-se como a pioneira na América do Sul.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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