História das Companhias Aéreas – Capítulo 51

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No início do século XX, quando nasciam a aviação e as primeiras companhias aéreas, a humanidade presenciava um dos piores momentos de sua história: a Primeira Guerra Mundial. Os primeiros aviões e os primeiros pilotos da história foram, em grande parte, moldados por esse evento. Afinal, tão logo surgiram, foram amplamente utilizados para propósitos militares.

A guerra moldou não apenas pilotos e aviadores, mas também modificou a geografia mundial. Países surgiram a partir de outros que deixaram de existir. Foi o caso da monárquica Iugoslávia, que em 1918, assumiu um lugar no mapa antes pertencente ao Reino da Sérvia. Em um mundo pós-guerra, passando por importantes reestruturações, um novo país precisava de nova infra-estrutura, novas empresas e novos serviços. E claro, de uma nova companhia aérea.

Foi assim que surgiu, em 17 de Junho de 1927, a primeira companhia aérea da Iugoslávia, ainda denominada Aeroput. Sua fundação ocorreu por conta do engenheiro aeronáutico Tadija Sondermajer, que tinha uma importante missão em suas mãos: hangariar acionistas que investissem na companhia. A tarefa era árdua, visto que muitos não se animavam em investir na recém-nascida aviação. Isso dificultava que um contrato fosse assinado com o Estado, permitindo à companhia operar suas rotas legalmente.

Para fomentar a participação de investidores em sua iniciativa, Sondermajer organizou um voo promocional, partindo de Paris com destino a Mumbai, na Índia, a fim de demonstrar a capacidade dos pilotos sérvios. Para essa empreitada, contou com a parceria do piloto Leonid Bajdak. Em 20 de Abril de 1927, decolaram de Paris, e após 11 dias de viagem, percorreram 14.800 quilômetros, passaram por 14 cidades, e finalmente retornaram a Belgrado, capital da então Iugoslávia. O voo de vitrine atingiu seus objetivos, e a adesão de acionistas excedeu todas as expectativas.

Após ter suas operações suspensas em virtude da Segunda Guerra Mundial, a companhia retornou às atividades em 1 de Abril de 1947, sob o novo nome de Jat Airways. Aeronaves Douglas C-47 Skytrain e Junkers Ju 52, remodeladas para uso civil após seu emprego militar, compuseram a primeira frota da nova companhia. Isolados do mundo por conta do pós-guerra, os iugoslavos concentraram-se em operar rotas domésticas, até que, na década de 1950, as rotas internacionais foram finalmente reabertas. A essa altura, a frota contava com novos modelos de aeronaves. Entre eles estavam os Convair CV-340 e CV-440 Metropolitan, os Douglas DC-3 e DC-6B, e o Ilyushin Il-14M.

A Jat Airways chegou à era dos jatos no fim da década de 1960. Foi a época de aeronaves como o Sud Aviation Caravelle, o McDonnell Douglas DC-9-32 e o Boeing 727-200. Rotas internacionais mais longas, com destinos na América do Norte, Austrália e Oriente eram servidas pelo Boeing 707 e pelo Douglas DC-10-30. Em 1985, a Jat Airways foi a primeira companhia européia a adquirir o Boeing 737-300 para voos de curto e médio alcance, que partiam de sua base de operações em Belgrado.

Entre os anos de 2006 e 2008, as regiões iugoslavas de Sérvia, Montenegro e Kosovo separaram-se, formando novos estados independentes. A Jat Airways passou às mãos da recém-nascida República Sérvia. Sua frota, até então, havia se reduzido a 17 aeronaves, formada por ATRs 72-202 e 72-500, e também por Boeings 737-300. Em 2013, a Etihad Airways assumiu 49% das ações da companhia, deixando os outros 51% ao governo sérvio, que propôs o acordo. Nasceu assim a Air Serbia, sucessora da Jat Airways como companhia de um igualmente novo país.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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