Lazy Eights: Voando Sem Preguiça

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Certo dia, em uma aula do curso de Piloto Comercial, um aluno com senso de humor questionável disse que um “Oito Preguiçoso” nada mais era do que o sinal de infinito – ou seja, um oito que, de tão preguiçoso, decidiu se deitar. Sim, pode ser bastante difícil rir desta piada, mas felizmente, a manobra conhecida como “Lazy Eight” pela FAA, e ainda aplicada na formação americana de pilotos, é mais fácil de entender do que os motivos que levam alguém a demonstrar por que não seguiu a carreira humorística.

Falemos então hoje sobre uma importante manobra do curso prático de Piloto Comercial nos EUA, sua aplicação e importância para a proficiência de pilotagem:


Entendendo a Manobra

Visto de cima, o Lazy Eight assemelha-se mais a um “S” do que propriamente a um “8”. A manobra consiste de duas curvas consecutivas de 180 graus, uma para cada lado. Basicamente, deve-se ganhar altitude e drenar velocidade na primeira metade da curva, retornando à altitude e velocidade originais do início da manobra na segunda metade. É interessante posicionar-se no través do vento, de forma que cada curva proporcione diferentes exigências de coordenação de manche e pedais ao piloto.
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Executando o Lazy Eight

O importante em um Lazy Eight é entender o que deve ser feito na primeira metade da manobra. A segunda metade consiste, simplesmente, de efetuar o mesmo procedimento para o lado oposto. Após posicionar-se em altitude de segurança e efetuar o check de área, o piloto deve estabelecer pontos de referência a 45, 90 e 135 graus do lado para o qual irá curvar. Estas três referências dividirão a curva em quatro segmentos distintos. Também é fundamental saber que não há ajustes de potência ao longo da manobra: a energia da aeronave se transfere com as mudanças de atitude.

Ao iniciar a curva, deve-se elevar o nariz e curvar a aeronave suave e gradativamente. A ideia é atingir máxima elevação do nariz da aeronave, e rolagem de 15 graus durante o primeiro segmento da curva, delimitado pelo ponto de referência a 45 graus do ponto de partida.

No segundo segmento da curva – entre os pontos de referência de 45 e 90 graus – aumenta-se a rolagem até que, na proa da referência de 90 graus, atinja-se máxima altitude, mínima velocidade e rolagem de 30 graus. Inicia-se a descida rumo ao delimitador do terceiro segmento da curva, o ponto de referência dos 135 graus.

Aqui, faz-se o oposto do primeiro segmento: o nariz da aeronave deve abaixar suavemente ao máximo, enquanto se desfaz a curva de volta à rolagem de 15 graus. Ao quarto segmento da curva, resta ao piloto nivelar a aeronave na altitude do início da manobra, recuperando a velocidade inicial e numa proa a 180 graus daquela estabilizada ao início. Chegando-se a este ponto, repete-se a manobra com rolagem para o lado oposto.


Os Parâmetros de Aprovação

Para ser aprovado na manobra, existem alguns limites de tolerância. A proa final pode desviar-se, no máximo, 10 graus a leste ou a oeste da proa final pretendida; a altitude pode variar em 100 pés a mais ou a menos da altitude inicial; por fim, a velocidade pode estar 10 nós acima ou abaixo da velocidade de entrada na manobra.

O Lazy Eight é uma importante manobra no desenvolvimento das habilidades de coordenação do piloto, e também auxilia no entendimento de como a energia da aeronave pode ser transferida da velocidade para a razão de subida, e desta de volta para a primeira. Trata-se de uma das mais suaves manobras na formação de um piloto comercial, porém, de uma importância inestimável ao desenvolvimento de suas habilidades.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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