Steep Spiral: Quando a salvação está logo abaixo

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Imagine a seguinte situação: você se encontra na vertical do aeroporto mais seguro da região em que está voando, quando de repente precisa fazer um pouso de emergência. Certamente você poderia considerar um local para pouso mais adiante, porém aquele aeroporto alguns milhares de pés abaixo de você seria o lugar ideal para lidar com a sua situação naquele momento. Haveria, portanto, uma forma técnica e coordenada de chegar àquele aeródromo, sem riscos desnecessários ou maiores interferências ao tráfego à sua volta?

O treinamento de pilotos da FAA, órgão regulamentador da aviação civil americana, prevê uma manobra para esse tipo de situação. Atualmente, ela é exigida apenas dos candidatos à licença de piloto comercial. Contudo, considera-se cada vez mais inclui-la no currículo de formação dos pilotos privados. Trata-se do “Steep Spiral” ou “Emergency Descent”, como a manobra vem sendo referenciada com mais frequência atualmente.


 

Entendendo o Steep Spiral

Como sugerem as traduções dos nomes, o Steep Spiral é uma descida de emergência, feita em uma espiral acentuada. Para efeitos de treinamento e voo de cheque, efetua-se a manobra com o motor em idle, iniciando-a em uma altura que permita ao piloto efetuar, ao menos, três voltas completas em torno de um ponto pré-determinado (geralmente a cabeceira da pista em uso), concluindo a manobra a 1.000 pés de altura, onde se restabelece o voo planado.

O Steep Spiral combina técnicas de voo planado, curvas de grande inclinação e oito ao redor de marcos. Os círculos da espiral devem ser concêntricos, com a ponta da asa apontando o ponto escolhido. A velocidade deve ser constante. Geralmente, utiliza-se a velocidade de melhor planeio da aeronave. Em aeronaves de instrução, a razão de descida mantém-se em torno de 1.000 pés por minuto, tal como costuma ser em procedimentos de emergência.

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Fácil de falar, difícil de fazer

Como seria de se imaginar, o Steep Spiral apresenta desafios característicos da própria manobra. A fim de manter a velocidade e o raio da espiral constantes, é preciso reduzir a inclinação e o ângulo de descida quando se tem vento de proa. Analogamente, a inclinação e o ângulo de descida devem ser maiores quando se tem vento de cauda. É fácil imaginar que, em uma descida em espiral, essa condição muda constantemente.

Além de compensar o vento, também é preciso cuidar da coordenação das curvas, de forma que as mesmas não sejam nem glissadas, nem derrapadas. Este é um dos erros mais comuns ao se efetuar essa manobra, ao lado de falhas como desorientação espacial e variações excessivas de velocidade. Os critérios de aceitação desta manobra perante a FAA preveem variações de, no máximo, 10 nós a mais ou a menos, além de 10 graus a mais ou a menos em relação à proa selecionada para término da manobra. A inclinação aceitável das curvas também é limitada aos 60 graus.

O Steep Spiral pode não ser obrigatório aos pilotos privados do Brasil, mas certamente é uma manobra que vale a pena ser praticada. Quer o seu objetivo seja uma convalidação para a FAA ou um voo mais seguro, não deixe de considerar esse treinamento com o seu instrutor.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=KNai-aZlXhU]


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Luiz Cláudio Ribeirinho
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