Voando e batendo papo

Missão: Voando e batendo papo

Para um objeto voar ele precisa de duas coisas: altura e velocidade, não é mesmo?

Pois bem, para um piloto continuar vivendo bem ele precisa de quatro características fundamentais.

Atitude, conhecimento, habilidade e ação.

Interessante observar que duas delas podem ser adquiridas por intermédio de outras pessoas. Já as outras duas características são individuais e ninguém pode ajudar ou fazer por ele.

Um professor pode passar os conhecimentos necessários para serem usados no momento em que for preciso tomar decisões. Estes conhecimentos serão continuamente testados e aplicados até que o piloto ganhe desenvoltura em executá-los com rapidez e perícia. Um instrutor ou outro piloto mais experiente pode ajudá-lo a adquirir estas habilidades.

Em compensação, agir, mesmo tendo conhecimento e habilidade, cabe apenas àquele que deve tomar a decisão.

Sei de um caso onde o sujeito tinha muito conhecimento e habilidade, porém quando chegou a hora de agir, não o fez. Esta é uma história real de um instrutor de paraquedismo que nos ensinou todas as técnicas de comando de reserva em caso de pane. Fazíamos simulações em queda livre e ele era perfeito. Infelizmente quando precisou usar, tentou sanar a pane e adiou o comando do reserva. Morreu cheio de conhecimento e habilidade por não ter agido no momento necessário.

Todos devem conhecer pelo menos um do nosso meio que age como vou descrever.

Estuda, passa nas provas teóricas muito rapidamente. É capaz de decorar páginas e páginas de manuais e procedimentos. Enfim, demonstra todos os conhecimentos necessários para voar. Cheio de confiança, passa para a ação com coragem e desprendimento, porém não tem paciência para praticar aquilo que aprendeu facilmente. Por saber mais teoria que o instrutor, tende a não respeitá-lo além de não ouvir outros colegas mais experientes por serem menos cultos do que ele. Mais cedo ou mais tarde, vai se deparar com uma situação que não estava nos livros e vai faltar a habilidade que teria adquirido se tivesse sido mais humilde.

Outro personagem comum na aeronáutica é o piloto natural. Aquele que nasceu para voar. Não precisa de copiloto e suas ações são instintivas. Poucas horas de voo e já domina a máquina como o mais experiente dos comandantes.

Seu andar de “Maverick” já denuncia uma pessoa que despreza a teoria e o conhecimento. Confia totalmente em sua habilidade natural e a coragem de agir apenas instintivamente. Avesso a check list e outras burocracias, é adepto apenas em “cheirar o vento”.

Deste tipo o cemitério está bem frequentado (quando acham o corpo).

Lembrando destes casos e de outros que encontramos constantemente, ficou claro que dos quatro, o fundamento mais importante é a atitude.

Nos personagens descritos acima, sobra arrogância, ignorância, insegurança e outras características que se não levam ao óbito, afastam o piloto da camaradagem tão importante para a segurança do meio aeronáutico.

Existe o ditado que não devemos voar para um lugar que nossa mente não tenha chegado 5 minutos antes. Digo o mesmo sobre o que é escrito ou falado na comunidade.

Por isso jovem comandante, seja educado ao se expressar, humilde para perguntar e cauteloso para afirmar. Com isso, você vai ganhar conhecimento, habilidade e poderá agir responsavelmente.

A boa atitude está para o piloto como a sustentação está para a aeronave. Sem ela o estol é certo restando apenas rezar para que haja tempo de recuperar o voo ou a credibilidade.

Bons voos e bate-papos!

Alexandre Sales
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