Aeronaves Históricas: Sud Aviation Caravelle

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O Sud Aviation Caravelle foi mais uma aeronave a revolucionar a aviação civil e o mercado das linhas aéreas. É conhecido até hoje como o primeiro jato de transporte de passageiros em rotas de curto e médio alcance. Sua história teve início em 1951, quando o Comitê de Aviação Civil da França publicou um edital com especificações para um novo modelo de aeronave, visando atender às necessidades da aviação civil de sua época. As especificações requeriam uma aeronave capaz de transportar de 55 a 65 passageiros, além de 1.000 kg de carga, em rotas de até 2.000 Km, com velocidade de cruzeiro de 320 nós.

Imediatamente, todos os principais fabricantes franceses de aeronaves apresentaram, ao menos, um modelo de projeto que atendesse às especificações solicitadas. Uma vez que não havia uma solicitação específica quanto à motorização da nova aeronave, foram apresentados projetos com dois, três ou quatro motores, alguns equipados com turboélices, e outros puramente com jatos. Após inúmeros projetos terem sido avaliados, o trimotor X-210 da SNCASE chamou maior atenção dos avaliadores.

A SNCASE, que futuramente se tornaria a Sud Aviation, recebeu uma solicitação de reconsiderar a configuração de motores de sua aeronave, avaliando a possibilidade de reduzir a quantidade de motores de três para dois. Não apenas fizeram dessa forma, mas também mantiveram a montagem dos motores na empenagem da aeronave, após avaliarem que essa configuração proporcionava uma considerável redução de ruídos na cabine. O modelo final logo fui submetido a testes de fadiga de materiais, uma preocupação surgida com os incidentes envolvendo o De Havilland Comet, de quem o X-210 herdava características como o nariz e o cockpit, graças a uma parceria da Sud Aviation com a De Havilland em diversos projetos anteriores.

Após a aprovação nos testes, o primeiro protótipo fez seu voo inaugural em 27 de maio de 1955. No ano seguinte, o primeiro Caravelle a serviço de uma linha aérea decolava com as cores da Air France, e em 1957, foi a vez do Caravelle servir à SAS – Scandinavian Airlines System. Até mesmo companhias brasileiras como a Cruzeiro do Sul, a Panair do Brasil e a Varig utilizaram unidades do Caravelle em suas frotas.

Apesar de se tratar de um projeto Francês, o Sud Aviation Caravelle ingressou até mesmo no competitivo mercado americano, provando ser um concorrente digno aos mais bem-sucedidos fabricantes mundiais. Seu projeto só não seguiu recebendo aperfeiçoamentos pois a Sud Aviation havia concentrado seus esforços no projeto do Super Caravelle, o qual tinha a intenção de ser uma aeronave supersônica. O projeto não chegou a se consumar em um protótipo, mas forneceu insumos importantes para o nascimento do Concorde. Mesmo assim, o Sud Aviation Caravelle provou ser um projeto de grande longevidade, mantendo-se em operação até o ano de 2004.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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