Briefing – O sonho do sucesso sem diploma

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Recentemente, nosso leitor Diego Cabral compartilhou conosco esta interessante matéria do Yahoo Finanças, intitulada “Oito profissões bem pagas que não precisam de diploma universitário”. Baseado em uma pesquisa feita no mercado americano, o artigo elenca as oito profissões melhor remuneradas, dentre as que não exigem formação superior para exercê-las. E no topo do ranking, encontramos justamente a profissão de Piloto Comercial, com renda anual estimada em US$ 73.280 – algo em torno de US$ 6.107 mensais, ou R$ 13.499,52 mensais convertidos em valores atuais.

É bem verdade que, apesar de contarmos atualmente com cursos superiores de Aviação Civil e Ciências Aeronáuticas, o bacharelado não é pré-requisito para o exercício da função de Piloto Comercial. Também é verdade que determinados ramos da aviação oferecem salários que muitos pós-graduados adorariam ver em seus contracheques. No entanto, cabe aqui avaliarmos com mais cuidado os significados de “não exigir curso superior” e “oferecer melhores salários”.

Dentro de minhas atribuições paralelas como músico, conheci excelentes profissionais que abdicaram do ensino formal para desenvolver suas carreiras, e hoje gozam de razoável estabilidade. Na área de TI, onde atualmente exerço minha atividade principal, nomes como Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg figuram como exemplos dos que abandonaram a universidade e construíram fortunas. Engana-se, no entanto, quem acredita que estes profissionais “deixaram de estudar” só porque abandonaram as instituições convencionais de ensino.

O grande trunfo desses profissionais foi o fato de conseguirem pensar fora da caixa. Horas dedicadas à prática de um instrumento, a pesquisas de mercado e a estudos de empreendedorismo também constituem formação profissional. E o mesmo ocorre conosco, pilotos: nossa formação exige estudo e empenho, em proporções iguais ou até superiores às dos nossos amigos bacharéis. Centenas de horas práticas, fluência em idiomas e estudo constante nos são requeridos em nossa formação. Do contrário, não poderíamos nos responsabilizar pelas vidas a bordo de nossas aeronaves, tal como um médico se responsabiliza pelas vidas de seus pacientes.

Em relação à receita de um Piloto Comercial, sempre convém lembrar: nem tudo o que se ganha, em qualquer área profissional, traduz-se apenas em valores financeiros. Itens como qualidade de vida e benefícios devem sempre ser levados em conta na equação de ganhos de um profissional. Da mesma forma, nem tudo o que oferecemos em troca dos nossos ganhos é o nosso trabalho.

A profissão de piloto tem seus próprios diferenciais, como o privilégio de ter uma janela de escritório a 35.000 pés de altitude. Por outro lado, toda escolha tem sua renúncia, e conosco não é diferente. Horas na companhia de familiares e amigos, por exemplo, são algumas das coisas às quais um piloto abdica em sua jornada profissional. E para muitos, aquilo que um piloto oferece em troca da realização de seus sonhos não está à venda nem por todo o dinheiro do mundo.

E você? Está pronto(a) para estudar por horas a fio, sem poder pendurar um diploma na parede ao final de tudo? Está preparado(a) para todas as renúncias que a carreira aeronáutica pode exigir, em troca de um vultoso salário para o qual não se exige diploma?

Abraços e boa semana!

Luiz Ribeirinho

Luiz Cláudio Ribeirinho
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