História das Companhias Aéreas – Capítulo 100

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Frequentemente chamado de “Locomotiva do Brasil” em vista de sua importância econômica para o país, o Estado de São Paulo é o lar de inúmeros migrantes de outros estados brasileiros, além de imigrantes japoneses, italianos, alemães e de diversas outras origens. Sua diversidade étnica e cultural colabora para que o estado abrigue 22% de toda a população brasileira, e tenha um produto interno bruto correspondente a aproximadamente 40% de toda a produção nacional. Tal proeminência fez com que surgisse ali uma das companhias aéreas mais importantes da história da aviação comercial brasileira.

A Viação Aérea São Paulo, ou simplesmente VASP, foi uma companhia estatal fundada em 4 de Novembro de 1933. Suas primeiras operações partiam do Aeroporto do Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, em direção às cidades de São Carlos, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, no interior do estado, além de Uberaba, no estado de Minas Gerais. Diferente de suas concorrentes Syndicato Condor e Panair, que operavam hidroaviões, a VASP optou por utilizar aeronaves como o Vickers Viscount e o Douglas DC-3, necessitando portanto de pistas de pouso. Essa necessidade levou à construção do Aeroporto de Congonhas, em 1936. Além de haver servido como base de operações para a VASP, Congonhas é até hoje o principal aeroporto para voos domésticos na cidade de São Paulo, havendo operado inclusive como aeroporto internacional durante muitos anos.

Em parceria com a Cruzeiro do Sul e com a Varig, a VASP foi responsável por estabelecer a “Ponte Aérea”, o serviço que interliga as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro com diversos voos diários. Os primeiros voos da Ponte Aérea eram operados por aeronaves Convair 240 e 340, e Saab 90 Scandia. Posteriormente, a partir de 1975, aeronaves Lockheed L-188 Electra assumiram o trecho, operando inclusive sem pintura específica, em nome da neutralidade do acordo entre as companhias.

Diferente de outras companhias aéreas, que incorporavam aviões às suas frotas através de contratos de leasing, a VASP era proprietária de suas próprias aeronaves. Isso incluía os Boeings 737 das séries 200, 300 e 400, além de aeronaves Airbus 300, todos incorporados à frota da VASP entre os anos de 1969 e 1989. A prática, no entanto, agravaria o crítico cenário financeiro vivenciado pela companhia na década de 1980. A VASP foi então privatizada no ano de 1990, passando ao comando do empresário Wagner Canhedo.

Sob a gestão de Canhedo, a VASP expandiu suas operações domésticas e internacionais. Aeronaves Douglas DC-10 e McDonnell Douglas MD-11 passaram a operar novas rotas de longo alcance para a companhia. A gestão arrojada, no entanto, não impediu que a companhia atingisse o ápice de sua crise no ano de 2004, tendo suas operações encerradas no ano seguinte. Apesar de ter seus próprios voos suspensos, a VASP seguiu oferecendo a outras companhias seus serviços de manutenção de aeronaves, tamanha era a reputação desses serviços. A prática durou até dezembro de 2007.

Por conta dos processos judiciais de falência da companhia, as últimas aeronaves da VASP permaneceram estacionadas em pátios de aeródromos espalhados pelo país. No Aeroporto de Congonhas, antiga base de operações da companhia, ainda era possível ver algumas aeronaves até meados de agosto de 2011, todas em um triste estado de abandono. Algumas foram vendidas em leilão e arrematadas por colecionadores, que as restauraram para exposições públicas. Outras, em condições menos favoráveis, foram sucateadas.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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