História das Companhias Aéreas – Capítulo 77

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Capítulo_77

A história da New York, Rio and Buenos Aires Line – ou simplesmente NYRBA Airlines – começou no ano de 1929 com o Coronel Ralph A. O’Neill, um condecorado ás da Primeira Guerra Mundial. Nascido no México, filho de pai americano e mãe mexicana, o Coronel O’Neill serviu aos Estados Unidos durante a Guerra. Após o conflito, desenvolveu papel fundamental no treinamento de pilotos militares mexicanos, bem como no desenvolvimento da aviação civil do México.

Em viagens pela América do Sul como representante da Boeing e da Pratt & Whitney, O’Neill estudou e estabeleceu pontos que serviriam de base para as operações de sua companhia. Os planos consistiam em interligar toda a América do Sul aos Estados Unidos oferecendo transporte de passageiros. No Brasil, o ponto escolhido para as operações foi o aterro da Ponta do Calabouço, no Rio de janeiro, onde hoje se localiza o Aeroporto Santos Dumont. O primeiro voo, no entanto, ocorreu entre as cidades de Buenos Aires, na Argentina, e Montevidéu, no Uruguai, no dia 21 de Agosto de 1929.

Uma característica interessante da NYRBA é que suas operações utilizavam amplamente aeronaves hidroplanas. Entre elas estavam o Commodore, da Consolidated Aircraft, e o Sikorsky S-38. Também fez parte da frota da companhia o Consolidated Fleetster, um pequeno avião de trem de pouso convencional, com capacidade para até oito passageiros. A empresa teve ainda uma subsidiária brasileira, a NYRBA do Brasil, que operava voos por toda a costa de nosso país.

As bases de reabastecimento da companhia eram compostas de botes e barcaças, ancorados ao longo da costa sul-americana, com distâncias entre si que variavam entre 125 e 460 milhas. Utilizando-se dessa estrutura, a companhia inaugurou em Fevereiro de 1930 sua mais extensa rota, De Buenos Aires a Miami.

Desde o início de suas operações, a NYRBA sofreu grandes pressões que impediram a continuidade de seus serviços. Uma delas foi a oposição de Juan Trippe, um dos principais nomes da Pan Am naquela época. Trippe era bastante próximo de W. Irving Glover, então chefe dos Serviços Postais Americanos, e utilizou-se dessa proximidade para impedir que contratos aéreos postais fossem concedidos à NYRBA. Na realidade, Trippe utilizou-se dessa influência política para garantir que nenhum contrato postal fosse concedido a empresas que não fossem controladas por ele ou por seus associados.

Somadas aos problemas causados pela Grande Depressão de 1929, as pressões continuaram até que a NYRBA se visse obrigada a incorporar-se à Pan Am, em 19 de Agosto de 1930, sob circunstâncias que foram descritas pelo Coronel O’Neill como “um casamento forçado após um estupro condenável”. O aterro da Ponta do Calabouço no Rio de Janeiro, utilizado como base pela NYRBA do Brasil, foi devolvido ao governo brasileiro. No ano de 1942, a Pan Am utilizou os ativos da extinta NYRBA do Brasil para dar origem à Panair do Brasil, que viria a se tornar nossa companhia de bandeira.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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