História das Companhias Aéreas – Capítulo 87

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Fundada em 1925 sob o nome de Western Air Express, a TWA (Transcontinental & Western Air, e posteriormente Trans World Airlines) foi uma das maiores companhias aéreas dos Estados Unidos e do Mundo. A TWA se tornou uma grande companhia aérea logo nos primeiros anos de sua existência, devido em grande parte aos privilégios que recebeu durante a “Conferência dos Espólios”, que viria a resultar no Escândalo Aéreo de 1930. Ao lado American Airlines e da United Airlines, a TWA foi beneficiada por privilégios na exploração de rotas aéreas postais, quando essas ainda eram licitadas a companhias privadas pelo governo americano. Ao lado da Eastern Airlines, as três companhias viriam a compor o “Big Four”, o grupo das quatro maiores companhias aéreas americanas.

Um dos primeiros modelos de aeronaves a serem utilizados pela TWA foi o Douglas DC-1, uma aeronave que serviria de modelo inicial para o Douglas DC-2 e, posteriormente, o Douglas DC-3, uma das mais bem sucedidas aeronaves comerciais da era dos motores a pistão. A parceria com a Douglas Aircraft ocorreu em virtude de um contrato de exclusividade de Bill Boeing com a United Airlines, impedindo que a Boeing Company, àquela época, produzisse aeronaves para as concorrentes da United. Curiosamente, o Douglas DC-1 teve uma única unidade fabricada em toda a história, justamente a utilizada pela TWA. Os testes com essa aeronave levaram os pilotos a buscar o voo acima da camada de nuvens, evitando as condições climáticas adversas. Consequentemente, o Douglas DC-1 também colaborou para o desenvolvimento das primeiras cabines pressurizadas.

A expansão da frota da TWA veio com a aquisição de aeronaves Lockheed Constellation, e posteriormente com o Boeing 307 Stratoliner, a primeira aeronave comercial a utilizar cabines pressurizadas no transporte de passageiros. O ingresso na era dos jatos ocorreu tardiamente, em 1956, com a aquisição de aeronaves Convair 880. Posteriormente, viriam a se juntar à frota aeronaves emblemáticas como o Boeing 747, o Douglas DC-9 e o McDonnell Douglas MD-83. Deste último, alguns modelos seguem servindo à American Airlines, mantendo inclusive a histórica pintura da TWA.

Na década de 1950, a TWA gozava de grande prestígio entre os astros e executivos de Hollywood, que constantemente utilizavam os seus serviços. A reputação logo lhe rendeu a fama de “Linha Aérea das Estrelas”. Sua relação com a sétima arte, no entanto, não pararia por aí: a TWA também foi a primeira linha aérea a exibir filmes a bordo de suas aeronaves. Em 1961, o filme “By Love Possessed” (“O Amor Tudo Vence”, em português) foi exibido aos passageiros da primeira classe de um Boeing 707 da TWA, num voo de Nova Iorque a Los Angeles. Iniciava-se assim uma modalidade de entretenimento de bordo utilizada até os dias de hoje.

Entre os anos de 1967 e 1972, a TWA foi a terceira maior companhia do mundo em passageiros transportados por milha voada, atrás apenas da soviética Aeroflot e da americana United Airlines. No ano de 1969, a companhia atingiu o título de companhia com a maior quantidade de passageiros transportados em voos transatlânticos, um título até então pertencente à Pan Am. Com bases espalhadas pela Europa, Oriente Médio e Ásia, a TWA chegou a possuir uma malha aérea que interligava todo o planeta.

O declínio comercial da TWA teve início na década de 1990. O primeiro fator para este declínio foi uma má decisão de um de seus presidentes, Charles C. Tillinghast, Jr. Durante sua gestão, ocorrida de 1961 a 1976, Tillinghast negligenciou o potencial das rotas sobre o Pacífico, do transporte de cargas e do mercado de aviação doméstica americana. Como reflexo dessa decisão, a TWA viria a perder uma considerável parte de seu bom posicionamento no mercado. Posteriormente, um acordo firmado em 1995 com uma empresa chamada Karabu Corporation concedia a esta última o direito de adquirir bilhetes de embarque da TWA com até 45% de desconto, para revenda a preços mais competitivos. O acordo levaria a TWA a perder 150 milhões de dólares por ano em receita, provando-se outra decisão equivocada.

Após abrir processo de falência, a TWA foi finalmente absorvida pela American Airlines. Em respeito à memória histórica da TWA, a American Airlines anunciou que manteria os antigos MD-83 da companhia operando até 2018, e que incluiria novas aeronaves à sua frota com a pintura da TWA, tal como fez também com outras companhias que absorveu.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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