Através de nossa série “História das Companhias Aéreas”, pudemos acompanhar como as empresas de transporte aéreo se desenvolveram ao longo das primeiras décadas da aviação. Inúmeros fatores determinaram o sucesso ou fracasso de cada companhia, desde suas estratégias de marketing, rotas escolhidas para operações, até mesmo à escolha dos modelos de aeronaves a utilizar. Nessa corrida por estabelecer-se em um mercado novo e em expansão, alguns modelos foram determinantes para que seus operadores se consolidassem entre as principais companhias aéreas mundiais. Uma dessas aeronaves de elevada importância à aviação civil, sem dúvida, foi o Douglas DC-3.
O nascimento de uma lenda
Não é nenhum exagero dizer que o DC-3 revolucionou o transporte aéreo no mundo. Numa época em que a United Airlines dominava o mercado com as aeronaves Boeing 247 fabricadas exclusivamente para eles, a TWA solicitou ao fabricante Donald Douglas um modelo de aeronave que pudesse fazer frente ao seu concorrente. Nasciam assim os modelos DC-1 e DC-2, que dariam origem a um bimotor capaz de transportar de 21 a 32 passageiros. Impulsionado por motores Wright R-1820 Cyclone de 1.100 hp cada, o DC-3 decolou para seu voo inaugural em 17 de Dezembro de 1935, voando a 180 nós sob um teto de serviço de 23.200 pés.
Revolucionando o mercado
Em meados dos anos 1930, companhias como a Standard Air Lines e a Transcontinental Air Transport precisavam aliar-se a companhias ferroviárias para levar seus passageiros de uma costa à outra dos Estados Unidos. As longas e cansativas viagens levavam entre 44 e 51 horas, com várias conexões entre trens e aviões. O Douglas DC-3, por sua vez, era capaz de cruzar os Estados Unidos em apenas 15 horas, com três paradas para reabastecimento. A pedido da American Airlines, também foram criadas versões do DC-3 com leitos para os passageiros, tornando a viagem ainda mais confortável.
O advento da Segunda Guerra Mundial impulsionou a produção de uma versão militar do Douglas DC-3, o C-47, amplamente utilizado na logística de guerra. Por não serem aeronaves de combate, muitas delas sobreviveram ao conflito, criando uma grande disponibilidade de aeronaves em bom estado para o mercado da aviação civil. Mesmo a versão melhorada produzida pela Douglas Aircraft, o Super DC-3, teve poucas unidades vendidas em virtude dessa elevada oferta.
Consolidando-se como uma eterna lenda
As últimas unidades civis do Douglas DC-3 foram produzidas em 1942, mas sua presença nas linhas aéreas foi marcante até a década de 1970. Mesmo nos dias de hoje, inúmeras companhias locais ao redor do mundo ainda o utilizam, por sua robustez em operar em pistas menos conservadas. Além disso, é possível vermos versões restauradas do DC-3 em shows aéreos, voos panorâmicos, lançamento de paraquedistas, transporte militar e aviação cargueira, entre inúmeros outros usos que se possa imaginar para aquela que talvez seja a única aeronave anterior à Guerra nos céus do mundo atual. Não é para menos que um velho ditado entre pilotos diz que “a única substituição para um DC-3 é outro DC-3”.
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