Seguindo com nossa série sobre dúvidas quanto à formação aeronáutica, vamos responder à pergunta de hoje:
Dúvida
Oscar, Lima, Alpha!
Em 2006 fiz o teórico do PP e passei na banca da ANAC. Na época, minha situação financeira não era boa e não consegui fazer muitas horas. Depois arranjei um bom emprego e tinha dinheiro, mas daí o que me faltava era tempo, ainda mais que aqui em Curitiba a meteorologia não ajuda muito.
Como todos aviadores que eu conheço, o bichinho da aviação me mordeu e agora não consigo pensar em fazer outra coisa. Pra mim não importa se seja avião, helicóptero, aeromodelo, parapente, trike, asa delta, planador, etc, contanto que voe. Então estou escrevendo para pedir uma ajuda para traçar um plano para retomar o caminho da aviação e não largar mais…. aqui vão algumas opções:
– Fazer curso de PP e PC e depois voar comercialmente: escutei seus cpcasts que falam sobre a idade, não vejo isto como impeditivo. Talvez eu não foque em linha aérea para aumentar a minha chance.
Fora linha aérea, o que sobra? Taxi Aéreo, empresa de aerolevantamento e fotografia, aviação executiva e avião particular. Qual delas é mais fácil entrar? Quais tem mais vagas? Quando vou no aeroporto vejo tantas aeronaves nos pátios que fico imaginando que cada uma delas precise de um piloto. Quais as exigências para entrar nelas?
Outra coisa, no aeroclube o basicão é fazer PP, PC (opcional multi e ifr), depois o cara faz o inva e vira instrutor do próprio aeroclube, para subir das 150 horas do PC para 500, 1000, 1500 horas e depois poder seguir carreira. É normal isso ou só pra quem quer ir pra linha aérea? Um taxi aéro ou aviação executiva, aerolevantamento, fotografia aérea, etc, contrata PC com 150 hora de voo apenas? Qual o salário inicial esperado?
Um grande abraço e continue o excelente trabalho!
Parabéns, até +
Julio C. Hofmeister
Nossa resposta
Julio,
Infelizmente, no mundo da aviação brasileira, a maioria dos empregos são arrumados por indicação – o famoso QI – como comentei em posts como este. Isso acontece na aviação executiva, táxi aéreo e demais ramos.
Os requisitos mínimos para entrar em qualquer empresa ou na aviação executiva, atualmente, são PC-MLTE/IFR e ICAO 4.
A opção de ficar no aeroclube/escola de aviação como INVA (instrutor de voo) ocorre pois o mercado em geral pede, além das carteiras, uma experiência de 500 horas de voo. A situação de ser contratado recém-checado, somente com as 150 horas de voo e as carteiras de PC-MLTE/IFR, é para quem tem um bom contato ou para trabalhar em empresas como a Azul, que tem praticado essa forma de contratação. A grande maioria das empresas aéreas, táxi aéreo e aviação executiva (jatos particulares) pede uma experiência mínima de 250 horas de voo, além das carteiras checadas (PC-MLTE/IFR) e da certificação ICAO. Dependendo da fase em que está o mercado de trabalho, algumas empresas aéreas chegam a pedir um mínimo de 1.000 horas de voo para quem não possui Ensino Superior.
O salário também sofre muita oscilação em relação à oferta e demanda de mão-de-obra disponível no mercado. Proporcionalmente, oscilam também os requisitos mínimos. Isso acontece quando o mercado tem excesso de mão-de-obra disponível, e o mercado da aviação comercial entra em crise. Essa situação ocorreu, por exemplo, durante a falência da VASP e da Transbrasil. Os salários da aviação executiva caíram muito. Hoje em dia, o salário de um co-piloto na aviação executiva varia de R$ 4.000,00 a R$ 6.000,00, dependendo muito do equipamento. Para aviões menores, como o King Air, os salário são menores; já para jatos maiores, o salário é maior.
Sugiro que você dê uma lida também neste post, sobre as alternativas profissionais para o mercado da aviação.
Atenciosamente,
INVA – Instrutor de Voo de Avião
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