História das Companhias Aéreas – Capítulo 13

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Capítulo 13

A Daimler Airway foi uma companhia aérea inglesa surgida como uma subsidiária da Daimler Company, a famosa fabricante britânica de veículos automotores. Entre suas subsidiárias, a Daimler Company possuía a Daimler Hire, uma empresa que oferecia serviços de transporte em limousines. O diretor executivo da Daimler Hire era o Tenente Coronel Frank Searle, que em fevereiro de 1920, recebeu a incumbência de gerenciar a Aircraft Transport and Travel, recém adquirida de Holt Thomas pela Birmingham Small Arms Company (BSA), grupo ao qual pertencia a Daimler Company.

Com a missão de reavivar um falida companhia aérea, e transformá-la em uma empresa bem-sucedida, o Tenente Coronel Frank Searle criou a Daimler Airway, a partir dos ativos da antiga AT&T. As operações começaram em abril de 1922, com aeronaves de Havilland DH.34, que não haviam sido utilizadas por nenhuma companhia aérea até então. Os de Havilland DH.34 eram biplanos com capacidade para até dez passageiros, além dos dois tripulantes. Os primeiros voos ligavam a cidade de Londres a Paris, partindo do aeroporto de Croydon com destino ao aeroporto de Le Bourget.

Utilizando as técnicas de gerenciamento empregadas em sua companhia automotiva, a Daimler Hire estabeleceu um patamar mínimo de qualidade a suas aeronaves. Assim como seus veículos deveriam ser capazes de rodar até 20.000 milhas por ano, suas aeronaves deveriam ser capazes de voar por 1.000 horas pelo mesmo período. Isso criou uma importante vantagem competitiva da Daimler Airway em relação a seus concorrentes.

Em outubro de 1922, a Daimler Airway adicionou a sua malha aérea voos partindo de Manchester, no aeródromo Alexandra Park, com destino ao aeroporto de Croydon, em Londres. Os voos partiam no período da manhã, retornando a Manchester no fim da tarde. Isso permitiu que muitos passageiros do norte da Inglaterra usufruíssem dos voos da Daimler Airway que partiam de Londres. Estes, a partir de 1923, passaram a incluir rotas com destino a Amsterdam, na Holanda, e Hanover e Berlin, na Alemanha.

A Daimler Airway também contabiliza em seus registros a triste marca de protagonizar a primeira colisão aérea da história. Em 7 de abril de 1922, apenas dois dias após iniciar suas operações, uma de suas aeronaves colidiu com um Farman F.60 Goliath da Compagnie des Grands Express Aériens, sobre a cidade de Thieuloy-Saint-Antoine, na região de Picardie, na França. A aeronave inglesa transportava apenas malotes de correio, enquanto a aeronave francesa transportava três passageiros. Em virtude de uma forte neblina, ambas aeronaves voavam logo abaixo da camada de nuvens, tentando seguir visualmente a estrada Abbeville-Beauvais. Todos os três passageiros e quatro tripulantes (dois de cada voo) morreram no incidente.

Como ocorre até os dias de hoje, o acidente serviu para que novas lições fossem aprendidas, e novas regras de segurança fossem criadas. A partir deste indicente, estabeleceu-se a convenção de “manter-se à direita” – a mesma que, até hoje, determina curva imediata à direita em caso de colisão frontal iminente. Também estabeleceu-se que aeronaves de linha aérea deveriam prover uma clara visão adiante ao piloto, além de serem obrigatoriamente equipadas com rádio comunicadores. Aos órgãos regulamentadores da época, coube estabelecer as rotas aéreas sobre o Reino Unido, França, Holanda e Bélgica.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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