História das Companhias Aéreas – Capítulo 71

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Capítulo 71

No fim da década de 1920, a companhia francesa Aéropostale operava transportando correspondências entre a França e a América Latina, em rotas que encontravam seu fim na cidade de Buenos Aires, após passar pelo Brasil. No entanto, fazia parte dos planos da empresa uma expansão mais ao sul das Américas, estabelecendo uma base que permitisse uma melhor distribuição postal na região. Esta foi basicamente a origem da Aeroposta Argentina, uma empresa nascida como uma subsidiária de sua matriz francesa e posteriormente nacionalizada, responsável inclusive por compor a atual companhia de bandeira da Argentina, a Aerolineas Argentinas.

O levantamento de locais para construção de bases e aeroportos coube ao mais ilustre piloto da Aéropostale, o escritor Antoine de Saint-Exupéry. Em parceria com o piloto-chefe Jean Mermoz, Exupéry estabeleceu as diretrizes principais para o funcionamento da Aeroposta Argentina. O primeiro voo aconteceu em 1 de Novembro de 1927, quando os pilotos Georges Pivot e Paul Vachet inauguraram a rota Natal – Rio – Buenos Aires, a bordo de uma aeronave Latécoère 25. No ano seguinte, a companhia estabeleceria o aeródromo de Pacheco, a 35 quilômetros de Buenos Aires, utilizando-o como base de operações.

Nos anos que se seguiram, a Aeroposta Argentina estabeleceu novas rotas no extremo sul da América, designando para cada uma delas um modelo específico de aeronave, de acordo com as necessidades de cada rota. A primeira rota partia de Buenos Aires com destino a Asunción, capital do Paraguai, utilizando o biplano Bréguet XIV-Renault. A rota Buenos Aires – Mendoza – Santiago do Chile, por sua vez, utilizava aeronaves Potez 25, graças à sua capacidade de empreender subidas mais acentuadas, indispensável para sobrevoar a Cordilheira dos Andes. Uma outra rota com destino a Rio Gallegos utilizava o Latécoère 28, uma aeronave equipada com esquis para operar como hidroplano.

A efetiva nacionalização da Aeroposta Argentina ocorreu em meados de 1930, por conta do Golpe de Estado que levou o coronel José Felix Uriburu a assumir o poder do país, através de regime ditatorial. O mesmo movimento revolucionário foi também responsável por levar Getúlio Vargas ao poder no Brasil, em 1930. A revolução levou a Aéropostale à sua dissolução, encerrando também as atividades da Aeroposta Argentina. Esta última, no entanto, foi trazida de volta às operações graças a reivindicações do Ministro de Correios e Telégrafos, do Ministro de Aviação Civil, da imprensa e também do público.

A Aeroposta Argentina passou a operar como companhia estatal até 1936, quando o governo argentino concedeu 97% das ações da empresa a um grupo de acionistas. A companhia adquiriu então aeronaves Junkers Ju-52, passando a operar em parceria com a Syndicato Condor, e com a já estabelecida Air France. A eclosão da Segunda Guerra Mundial, no entanto, ocasionou o encerramento da Syndicato Condor, além de levar os EUA a pressionarem a Argentina a participar da guerra como seus aliados. O cenário trouxe, então, condições desfavoráveis à Aeroposta Argentina, que em 1949 fundiu-se com as companhias ALFA (Aviación del Litoral Fluvial Argentino), FAMA (Flota Aérea Mercante Argentina) e ZONDA (Zonas Oeste y Norte de Aerolíneas Argentinas), dando origem às Aerolineas Argentinas.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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