Museu da TAM: O fim de um sonho?

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Na última semana, as redes sociais se agitaram com uma notícia até então não confirmada: o Museu “Asas de um Sonho”, mantido pela TAM Linhas Aéreas em São Carlos/SP, estaria encerrando suas atividades. Uma notícia muito triste para todos os amantes da aviação do Brasil. Difícil foi dizer a quem a notícia havia frustrado mais: se àqueles que conheceram o Museu e viram pessoalmente seu valor e importância, ou se àqueles que queriam tê-lo visitado, porém nunca tiveram uma oportunidade.

A notícia chegou a ser desmentida pela companhia aérea, em sua conta oficial no Twitter. A postagem dava conta de que o museu estaria fechado apenas durante o final de semana, para manutenção. Mais tarde, no entanto, a própria assessoria de imprensa da TAM entrou em contato com o Canal Piloto, deixando-nos a seguinte (e triste) mensagem:


“Museu TAM suspende temporariamente suas atividades

O Museu TAM, localizado na cidade de São Carlos, estará com as suas atividades suspensas temporariamente. Esta decisão está atrelada ao acirramento dos desafios econômicos do país, provocado pelo aumento da inflação e pela alta do Dólar em relação ao Real, resultando numa desaceleração do setor aéreo. Este cenário demonstrou a necessidade de um estudo interno de viabilidade econômica do Museu, que deverá ocorrer ao longo deste ano.

Durante este período de análise, as atividades do museu estarão suspensas.

A TAM ressalta ainda que tentou de todas as formas buscar alternativas para manter o espaço em funcionamento mas, infelizmente, diante de um cenário econômico desafiador, não foi possível.”


Nós do Canal Piloto tivemos a oportunidade de visitar o Museu no 2º Encontro de Velhas Águias, experiência que registramos com este artigo. Foi possível conhecer de perto algumas das mais emblemáticas aeronaves da história da aviação brasileira. Estão lá expostas as aeronaves do “Senta a Púa”, nosso primeiro esquadrão de combate aéreo, responsável por dar origem à Força Aérea Brasileira; o Texan T-6, aeronave utilizada na instrução militar e que deu origem à Esquadrilha da Fumaça; o Lockheed Constellation da Panair do Brasil, uma das mais proeminentes companhias aéreas de nossa história; o Dassault Mirage pilotado pelo piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna; o Cessna 140 de Ada Rogato, pioneira da presença feminina em nossa aviação; além, é claro, de um dos exemplares dos Fokker 100 utilizados pela TAM, responsáveis por consagrar a companhia na aviação regional.

O encerramento definitivo das atividades do Museu, se consumado, representará uma perda irreparável para a história de nossa aviação, em um país cuja memória já é tão pouco valorizada. Sem o museu “Asas de um Sonho”, futuras gerações perderão registros de como nossa aviação teve heróis que representaram o Brasil com bravura na Segunda Guerra Mundial; não terão contato com aeronaves que ostentaram a bandeira brasileira com orgulho perante o mundo, ou que trabalharam arduamente para construir o mercado onde muitos hoje desejam trabalhar; e como mostrar-lhes, então, os projetos e esforços que levaram uma companhia brasileira a se consolidar como a terceira maior fabricante de aeronaves em todo o mundo?

Manter essa memória viva, preservar o valor de nossa história, continuarmos nos orgulhando por termos em nosso solo o maior museu aeronáutico do mundo já mantido por uma companhia aérea. Estão são vitórias que dependem de cada um de nós, de fazermos com que sejam ouvidas nossas vozes de apoio à continuidade do museu. Somente com voz ativa manteremos nosso direito de ver, tão de perto, aeronaves que moldaram a história da aviação no Brasil e no mundo.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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