Os Pilares da Segurança de Voo

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Nesta semana, tivemos o prazer de publicar um vídeo com o Professor Kalazans, falando sobre a investigação de acidentes aeronáuticos e a sua importância na construção de uma aviação cada vez mais segura. Quando falamos em segurança de voo, no entanto, é comum vir à nossa mente toda a gama de procedimentos e sistemas de redundância que protegem a aviação de grande porte – ou linhas aéreas, caso prefiram chamar assim. Mas como fica a aviação geral, de pequeno porte? Como fica, principalmente, a aviação de instrução, onde muitos de nós estão inseridos?

É sempre importante esclarecer que a filosofia de segurança de voo se aplica a todos os ramos da aviação, inclusive à nossa aviação de instrução. O SIPAER – Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, que tem no CENIPA o seu principal órgão componente – possui alguns itens que definem a sua filosofia de prevenção de acidentes. Vejamos alguns deles, e como eles se aplicam ao dia-a-dia de um aluno piloto:


Todo acidente tem um precedente

Passado mais de um século desde o surgimento da ciência de voar, uma das coisas mais improváveis de acontecer é um acidente com causas jamais vistas ou imaginadas. Essas situações eram comuns nos primórdios da aviação, quando os aviadores pioneiros desconheciam as adversidades da meteorologia, os riscos da hipóxia e a necessidade de pressurização nas camadas superiores da atmosfera, ou o comportamento adverso das aeronaves em regime de alta velocidade.

Hoje em dia, podemos dizer que não haverá reinvenção da roda em um incidente aeronáutico, principalmente na aviação de instrução. O mais provável é que ocorra um dos erros mais comuns de alunos pilotos, como negligenciar checklists, inspecionar uma aeronave com pouca atenção, ou não reconhecer as limitações de sua inexperiência. Se algo inesperado acontece nos dias de hoje, pode ter certeza de que as mesmas causas já ocorreram outras vezes.


Todo acidente pode ser evitado

Evitar acidentes não significa eliminar riscos, mas sim reduzir ao máximo a probabilidade de se consumarem. Mesmo o mais cuidadoso dos pilotos não está isento de riscos. A única diferença é que, em comparação a um piloto negligente, seus riscos são imensamente menores. Assim sendo, sempre convém um cuidado extra com cada item de segurança do seu voo. E claro, nada de tentar manobras que visem apenas alguma dose de adrenalina. Se uma regra existe, há um bom motivo para isso. Pode ter certeza de que algo bastante sério motivou a sua criação, e você não vai querer descobrir na prática o que foi.


A segurança de voo é um dever de todos

Em uma aviação séria, todos estão comprometidos com a segurança de voo – mesmo aqueles que mantém os pés sempre no chão. Enquanto aluno, cabe a você fazer sua parte, cumprindo cuidadosamente seus checklists, inspeções e procedimentos. Até mesmo estudar suas manobras e chegar preparado para a aula faz parte das suas obrigações para com a sua segurança. No entanto, também cabe ao seu instrutor zelar pela segurança da sua aula. Cabe aos mecânicos manterem as aeronaves de instrução em condições seguras de voo. Cabe à sua escola ou aeroclube oferecer condições adequadas de trabalho e aprendizado. Cabe aos controladores estarem preparados para lidar com o tráfego, mesmo que nele haja pilotos ainda aprendendo a lidar com a fonia. Não hesite, portanto, em cobrar tudo isso caso julgue necessário.


A aviação sempre foi conhecida como a forma mais segura de viajar. E essa segurança não precisa (e nem deve!) ser privilégio apenas das linhas aéreas. Fazer com que a aviação de instrução seja cada vez mais segura é dever de todos. Um dever que começa em cada um de nós.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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