História das Companhias Aéreas – Capítulo 15

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Dentre todas as companhias aéreas ainda em operação, a KLM (acrônimo de Koninklijke Luchtvaart Maatschappij, ou Linhas Reais Holandesas) é a que está há mais tempo nesse mercado. Fundada em 7 de Outubro de 1919, a KLM transporta passageiros a mais de 90 destinos ao redor do mundo, a partir de sua base operacional no aeroporto de Schipol, em Amsterdam. É considerada a companhia nacional (flag-carrier) da Holanda, tendo por diversas vezes pertencido majoritariamente ao Estado.

Sua história de sucesso começa com Albert Plesman, um aviador holandês que serviu à Força Aérea de seu país desde o ano de 1915, atravessando a Primeira Guerra Mundial, na qual a Holanda manteve uma posição neutra. Após o fim da Primeira Guerra, Plesman organizou a ELTA, ou “Eerste Luchtverkeer Tentoonstelling Amsterdam” (Primeira Exibição Aérea de Amsterdam), ocorrida entre os dias 1 de Agosto e 14 de Setembro de 1919. O evento serviu para atrair a atenção ao potencial econômico da aviação para o país. Os hangares usados pela ELTA foram posteriormente utilizados por Anthony Fokker, na construção dos primeiros modelos de aeronaves que até hoje levam seu nome.

O título de Linha Aérea “Real” foi concedido pela própria Rainha Guilhermina, na ocasião da fundação da KLM por Plesman. Seu primeiro voo ocorreu em 17 de Maio de 1920. O piloto Jerry Shaw partiu do aeroporto de Croydon, em Londres, com destino a Amsterdam, pilotando um De Havilland DH-16 arrendado da Aircraft Transport & Travel. O voo inaugural levou consigo dois jornalistas britânicos, além de malotes de jornais.

Com o advento da Segunda Guerra Mundial, a monarquia Holandesa evadiu-se para a Inglaterra, em virtude dos intensos ataques alemães contra o país. Cinco aeronaves DC-3 e uma aeronave DC-2, que estavam a serviço da KLM durante a invasão de 10 de maio de 1940, conseguiram também fugir para lá. A partir de então, passaram a operar voos entre as cidades de Bristol e Lisboa, em Portugal, registradas como pertencentes à British Overseas Airways Corporation (BOAC). Uma destas aeronaves chegou a ser atacada três vezes pela Luftwaffe, a Força Aérea Alemã. O último desdes ataques vitimou todos os tripulantes e passageiros do voo BOAC 777, causando grande comoção mundial. Entre as vítimas estava o ator Leslie Howard, famoso por suas atuações em filmes como “E o Vento Levou” e por seu ativismo anti-nazista. Teorias conspiratórias dão conta de que os alemães acreditavam na possibilidade de Howard ser um espião inimigo, o que teria motivado a derrubada da aeronave em que estava.

O armistício de 1945 veio pôr um fim à Segunda Guerra, permitindo que a KLM reestabelecesse suas rotas e operações. Com o passar dos anos, suas aeronaves da Douglas Aircraft Company foram substituídas por modelos como o Electra e o Constellation, da Lockheed, e posteriormente, pelos jatos da Boeing como o 747-200B, que foi utilizado primeiramente pela KLM. Em 30 de Setembro de 2003, a companhia anunciou sua fusão com a Air France. Mesmo fazendo parte de um único conglomerado, ambas mantiveram suas marcas. O compartilhamento de seus hubs nos aeroportos Charles de Gaulle em Paris e Schipol na Holanda, aliado a uma fusão que proporcionou uma economia em torno de 400 a 500 milhões de euros anuais ao grupo, criou o que hoje é a maior empresa aérea mundial.

Uma das mais recentes ações de pioneirismo da KLM envolveu, inclusive, o nosso país. Em 19 de Junho de 2012, a companhia efetuou o primeiro voo transatlântico da história com uso parcial de biocombustível, tendo como destino a cidade do Rio de Janeiro. Com isso, a KLM aponta uma nova possibilidade para ao futuro da aviação, onde fontes de energia renováveis possam reduzir custos operacionais, além de minimizar a emissão de poluentes. Ao que tudo indica, o “Flying Dutchman” ou “Holandês Voador”, como se auto-intitula a KLM, prosseguirá eternamente com suas navegações, a exemplo do lendário navio que serviu de inspiração a seu slogan.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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