Continental Airlines | HCA 116

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A história da Continental Airlines inicia-se no ano de 1934, quando Walter Varney, proprietário e fundador da Varney Airlines, operava rotas postais concedidas pelo governo americano. Naquele mesmo ano, vieram a público os detalhes sobre o Escândalo Aéreo de 1930, que levaram o governo do presidente Roosevelt a suspender as concessões de rotas postais a entidades civis. Com a drástica redução de demandas por voos, o empresário Robert Six adquiriu parte da Varney Airlines, com o intuito de investir no transporte de passageiros entre as cidades de Pueblo e El Paso. Surgia assim a Continental Airlines, cujo nome refletia sua intenção de servir ao seu país com voos de costa a costa.

A Continental Airlines estabeleceu sua posição no mercado investindo não apenas no transporte de passageiros, mas também na manutenção de aeronaves para as Forças Armadas durante a Segunda Guerra Mundial. A base de operações da companhia – em Denver, capital do estado do Colorado – oferecia serviços de manutenção em aeronaves B-17, B-29 e P-51, além de converter aeronaves DC-3, Convair 240 e Convair 340 para utilização em propósitos militares. Isso permitiu que, posteriormente, a companhia investisse na aquisição e fusão com outras companhias aéreas, como a Pioneer Airlines. Esta última fusão, em específico, teve a declarada intenção de trazer o seu presidente, o inovador e arrojado empresário Harding Lawrence, ao corpo diretivo da Continental Airlines. Após implementar inúmeras mudanças e campanhas publicitárias que fizeram a Continental aumentar em cinco vezes o seu próprio tamanho, Harding Lawrence deixou a companhia para presidir a Braniff Airways.

Sendo igualmente visionário, Robert Six percebeu que o crescimento das companhias aéreas deveria focar-se no aumento da demanda de passageiros, e não no aumento dos preços das passagens. Com isso, criou as tarifas de classe econômica, uma tendência que viria a ser seguida por seus concorrentes. Six também enfrentou o desafio de aumentar a receita da empresa na rota Chicago-Los Angeles, que contava apenas com cinco aeronaves Boeing 707. Não podendo adquirir mais aeronaves para dar conta da crescente demanda, Six investiu na manutenção das aeronaves. Com o programa de “manutenção progressiva”, as aeronaves eram revisadas com maior frequência, podendo operar durante 16 horas por dia, todos os dias. A frequência era maior do que a de qualquer outra companhia que operasse a mesma aeronave.

Em alguns momentos de sua história, a Continental foi pioneira até mesmo contra a sua própria vontade. Numa época em que o preconceito racial era bem mais latente na sociedade americana, a Suprema Corte dos Estados Unidos determinou que a Continental contratasse o piloto Marlon D. Green, o primeiro afro-americano a pilotar para uma companhia americana. Marlon havia sido previamente reprovado num processo de seleção da companhia, por motivos que acabaram sendo posteriormente julgados como racistas. O episódio abriu precedentes para que a indústria aérea americana começasse a derrubar o seu preconceito contra minorias étnicas.

Formalmente, a Continental Airlines deixou de existir em 2008, quando passou por um processo de fusão com a United Airlines. Mesmo assim, a companhia segue em atividade, e colecionando premiações por suas iniciativas. Uma delas consiste numa política de redução de impacto ambiental, não apenas visando a redução de emissão de gases de efeito estufa, mas também investindo em reflorestamento. Em 2009, a companhia iniciou uma parceria com a General Electric na pesquisa de biocombustíveis que possam substituir o Jet-A1. E por taxas adicionais que variam de 2 a 50 dólares por passageiro, a Continental coleta fundos para reflorestamento e pesquisas de energia solar e eólica. Essas iniciativas já foram publicamente reconhecidas pela revista Fortune e pela NASA, a agência espacial americana, como de relevante contribuição ao meio ambiente.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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